São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Capitalização foi proposta no ano passado

SHIRLEY EMERICK; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta de capitalização do Banco do Brasil aprovada nesta semana foi apresentada à diretoria no ano passado pelo representante dos funcionários no Conselho de Administração.
Também em julho de 95, o Conselho Fiscal do BB produziu documento em que considerava insuficientes as medidas de ajuste então conduzidas pela diretoria.
Mostrava um buraco de R$ 18 bilhões no banco, que não seria coberto com demissão de funcionários e fechamento de agências.
Com o prejuízo de R$ 1,2 bilhão registrado no primeiro semestre de 95, o conselheiro representante dos funcionários, Henrique Pizzolato, encaminhou proposta de aumento de capital de R$ 8,8 bilhões.
Isto significaria um aumento do patrimônio de R$ 6,2 bilhões, na época, para R$ 15 bilhões.
Na capitalização aprovada na quarta-feira, o montante de recursos foi de R$ 8 bilhões, sendo que o Tesouro, o sócio majoritário, vai colocar R$ 5,1 bilhões.
"Amadores"
"Na época, disseram que éramos ingênuos e amadores", disse o assessor da Garef (Gerência Representativa dos Funcionários do BB), Fernando Amaral Baptista Filho.
O Conselho de Administração optou por reverter o déficit com um plano de ajuste.
O diretor de Finanças, Carlos Gilberto Gonçalves Caetano, disse que, no ano passado, a diretoria achou a proposta descabida pela magnitude da operação.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, confirmou que o representante do corpo funcional sugeriu aumento de capital. "Naquela época, não tínhamos o diagnóstico confirmado da importância de uma medida desta grandeza", afirmou.
Esse não foi o único aviso sobre a gravidade da situação do BB. O presidente do Conselho Fiscal do banco, Claudiano de Albuquerque, enviou documento ao Conselho de Administração avaliando que a crise do BB exigia medidas mais drásticas.
(SHIRLEY EMERICK E GUSTAVO PATÚ)

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