São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Concentração salta aos olhos

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A concentração de grandes volumes de recursos nas mãos de poucos megainvestidores é gritante.
Quando da criação do seguro de depósitos bancários, no final do ano passado, a Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) estimou que 98% dos 35 milhões de contas existentes abrigavam recursos de até R$ 20 mil.
Esses correntistas detinham, na época, em torno de 50% do total dos depósitos no sistema bancário.
Os outros 50%, portanto, pertenciam ao seleto "clube dos R$ 100 bilhões", que reúne duas centenas de empresas, fundos de pensão e fundos de investimento.
O poder de fogo desse grupo, segundo estimativas de analistas, pode oscilar de R$ 80 bilhões a R$ 120 bilhões, de um total, em janeiro, de R$ 244 bilhões em depósitos à vista, fundos de curto prazo, títulos públicos, títulos privados e depósitos em caderneta de poupança.
Bolada
As fundações de previdência privada, que fazem a aposentadoria complementar dos funcionários das empresas públicas e privadas, detêm, sozinhas, um patrimônio de R$ 55 bilhões. Destes, ficam nos bancos em CDBs ou cotas de fundos cerca de R$ 16 bilhões. O resto é aplicado em imóveis, ações e outros ativos.
Com R$ 16 bilhões em jogo, é natural que as fundações se mantenham afinadas com a solidez dos bancos nos quais aplicam o dinheiro de seus associados.
"Os grandes investidores, como os fundos de pensão, são muito ariscos, pois têm um volume de informação muito mais elevado do que o público em geral", diz Antônio Hermann Menezes de Azevedo, presidente da ABBC (Associação Brasileira dos Bancos Comerciais e Múltiplos).

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