São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Entenda como é a máquina Deep Blue

DO "LIBÉRATION"

Quem é Deep Blue? A seguir, respostas às questões suscitadas pelo monstro do cálculo que desafiou o homem.

Quem criou?
Deep Blue é o "enfant terrible" do Big Blue, da gigante da informática americana IBM (International Business Machines). Foi preciso mais de cinco anos e US$ 2,5 milhões de dólares para uma equipe da Universidade Carnegie-Mellon, supervisionada por um especialista em supercalculadoras da IBM, para colocá-lo no ponto. O desafio foi lançado por ocasião do 50º aniversário do primeiro computador digital totalmente eletrônico de aplicação geral, o Eniac, em 14 de fevereiro deste ano.
Por que criá-lo?
A IBM apresentou primeiro um pretexto desinteressado: "Para permitir que o gênero humano desse um salto". Seus criadores não jogam para perder. A IBM explica, no entanto: "Deep Blue constitui essencialmente um sistema de ajuda à decisão das aplicações múltiplas nas finanças, na medicina e na educação".
Concretamente, isso poderia atingir domínios tão diferentes como a dinâmica molecular, a regulação do tráfico nos aeroportos, o diagnóstico médico ou a pesquisa de dados para os mercados financeiros. Se o negócio for bem-sucedido, é também um formidável golpe publicitário da IBM.
Como é feito?
acumulando os processadores. A IBM pôs em paralelo 256 processadores que analisam cada um 2 milhões de lances por segundo. Apesar da perda ligada à acumulação, chega-se a 200 milhões de lances por segundo. À razão de 40 lances em duas horas, ou três minutos por lance, ele analisa em média 40 bilhões de posições em cada lance.
Por falta de dinheiro, seus criadores não puderam alinhar a totalidade dos processadores para alcançar 1 bilhão de lances por segundo. Mas o avanço permanece enorme. Por comparação, Deep Thought 2, a máquina que Kasparov venceu em 1989, analisava apenas 5 milhões de posições por segundo. Já o homem analisa 1 ou 2 posições por segundo. Mas sua força reside na seletividade.
Como ele funciona?
Os processadores trabalham simultaneamente, e uma função lhe permite avaliar cada posição. O movimento jogado é aquele que obteve a melhor nota.
Quando vencerá?
É inelutável: o saber do homem progride de maneira cumulativa, o do computador de maneira exponencial. Sabe-se sobretudo que, matematicamente, o fosso cresceu entre o cérebro humano e suas 60 bilhões de células e a máquina e seus 40 bilhões de movimentos calculados em três minutos.
Uma esperança, entretanto: "O homem não exprimiu ainda todo seu potencial", diz Kasparov.

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