São Paulo, domingo, 24 de março de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Poderá um dia uma máquina pensar melhor e de forma mais inteligente que um ser humano? Qualquer resposta definitiva para a questão parece precipitada. Como mostra o caderno Mais! de hoje, os cientistas estão de fato empenhados na busca de um computador capaz de pensar e evoluir mais do que um ser humano. Para alguns, trata-se de uma tarefa impossível. A máquina jamais poderá superar seu criador. Estes aplaudem estrondosamente a recente vitória do enxadrista Garry Kasparov contra o computador Deep Blue, uma máquina inteligente construída pela IBM, a um custo de US$ 2,5 milhões, com o propósito único de jogar xadrez. O Deep Blue é capaz de analisar 200 milhões de lances por segundo; Kasparov, um ou dois. Para outros, desenvolver as máquinas mais inteligentes que o homem é apenas uma questão de tempo. O cérebro humano não seria ele próprio mais do que uma máquina biológica, cujo mecanismo carbônico poderia ser transposto para o silício. A primeira posição parece um pouco ingênua e é certamente alimentada por uma visão catastrofista do criador que perde o controle sobre a criatura, como o Frankenstein de Mary Shelley ou, mais concretamente, o HAL-160 de Arthur Clarke. É igualmente precipitado afirmar que, algum dia, a humanidade estará construindo andróides mais inteligentes que o homem. Nesse domínio, o bom senso recomenda que não se negue "a priori" o conceito de inteligência (ele próprio tão fluido) a computadores, nem que se considere a existência de andróides hiperinteligentes como algo inelutável. A discussão toda, no fundo, é muito antiga. Trata-se de saber se o homem é uma máquina biológica cuja inteligência seria o produto de estímulos eletroquímicos ou se existe um algo mais que os velhos filósofos gregos batizaram de alma. Texto Anterior: VENENO NA FESTA Próximo Texto: Habeas corpus Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |