São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Interventor apura rombo de R$ 2,6 bi no Econômico

Déficit patrimonial da instituição será analisado pelo BC

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O déficit patrimonial do Banco Econômico fechou em R$ 2,637 bilhões e as conclusões dos trabalhos da comissão de inquérito devem ser entregues formalmente hoje ao Banco Central.
A estimativa inicial era de que o déficit patrimonial do Econômico -a venda de todos os bens não cobre o pagamento das dívidas- fosse de R$ 1,9 bilhão. O relatório da comissão sobre o banco baiano tem 85 volumes e 14.989 páginas.
As informações sobre a saúde financeira do banco e suas operações serão analisadas pelo Departamento Jurídico do BC. Com a análise do relatório, o BC poderá detectar novas irregularidades no comando do banco de Ângelo Calmon de Sá e enviar denúncias-crimes ao Ministério Público.
Excel
Executivos do Excel Banco disseram ontem à Folha que o aumento do déficit patrimonial não vai interferir nas negociações para a compra do Econômico.
O Excel quer R$ 300 milhões de empréstimos a juros de 12% ao ano. Os detalhes estão acertados e os diretores do Excel esperam um sinal do BC até o final da semana para finalizar a negociação.
Ontem, o BC informou que o processo administrativo contra o Excel não impede o prosseguimento das negociações.
O processo administrativo investiga supostas operações de remessa irregular de dólares ao exterior pelo Excel entre 1990 e 1995. A informação foi confirmada pelo diretor de Fiscalização, Cláudio Mauch, ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Diretores do Excel dizem que o processo é antigo e as irregularidades referem-se apenas à reclassificação de contas de remessa de dólares no exterior.
No período de 29 de fevereiro de 1984 a 3 de julho de 1988 e de 25 de junho de 1990 a 3 de janeiro de 1993, o chefe do Departamento de Câmbio do BC era Gilberto Nobre, hoje vice-presidente do Excel.
O presidente da Comissão de Inquérito no Econômico, Tales, Eickhof, deverá ser ouvido hoje pela PF (Polícia Federal) em Salvador. Estão sendo investigadas as denúncias-crimes encaminhadas pelo BC ao Ministério Público.
São 182 denúncias-crimes, no valor de R$ 500 milhões, caracterizadas como distribuição disfarçada de lucro, evasão de divisas, empréstimos a empresas coligadas, venda de ações com valor supervalorizado e operações para forjar lucro fictício.

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