São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Relator tenta apoio do PFL

FERNANDO CANZIAN; KENNEDY ALENCAR
DO PAINEL

O relator da reforma administrativa, Moreira Franco, acredita que seu relatório deverá ser lido na comissão especial da Câmara na quarta ou quinta-feira.
Falta apenas resolver o impasse com o PFL.
Depois de aprovado, vai para votação em plenário.
A seguir, os principais trechos da entrevista com o deputado Moreira Franco:
*
Folha - Por que está havendo impasse em torno da estabilidade?
Moreira Franco - Porque quero respeitar um acordo de líderes em torno desse tema, que é o mais polêmico. Estou buscando uma solução de consenso com o PFL, que deve sair logo.
Folha - Como fica o repasse de dinheiro da União a Estados e municípios para o pagamento do funcionalismo público?
Moreira Franco - O relatório veda isso. Uma lei complementar vai disciplinar como os Estados e municípios poderão se endividar, cabendo ao Senado o papel de fiscalizar o cumprimento disso. A intenção é colocar um freio em endividamentos irresponsáveis, evitando, por exemplo, rolagens e emissão de títulos.
Folha - Qual o critério para a fixação do teto salarial?
Moreira - Ninguém poderá, em hipótese nenhuma, ganhar mais do que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), sem penduricalhos. E esse teto será um subsídio em número absoluto. Quer dizer, não haverá nenhum penduricalho. Todo mundo vai saber quanto todo mundo ganha.
Folha - Acaba para todo mundo?
Moreira - Não, acaba para a cúpula do serviço, na qual estão os maiores salários. O relatório mantém adicionais de outros servidores, mas não para quem está no comando, como governadores, ministros.
Folha - Como serão esses planos de carreira e a política salarial?
Moreira - Esses planos ficarão vinculados a escolas de governo. Você tem de cumprir períodos de formação e provas para que se possa ter promoção. É uma maneira de treinar e reciclar profissionalmente os servidores.
Folha - Como ficam as gratificações, incorporações e penduricalhos, como o sr. diz?
Moreira - Acabam todos os instrumentos que permitiram esses procedimentos odiosos -as incorporações, acumulações etc.
Fica proibida, com um plano de carreira, por exemplo, a possibilidade de o governante distribuir gratificações como quiser.
Folha - E quem já tem esses "penduricalhos"?
Moreira - Quem já tem fica como está, mas o vencimento será adaptado aos planos de carreira. Por exemplo: o cidadão ganha R$ 1.000 com gratificações e etc. Digamos que, na nova carreira, o vencimento daquela função seja R$ 900. Ele terá os R$ 900 recebidos como salários e os R$ 100 restantes continua a receber como vantagem pessoal.
Mas essa vantagem não entra mais em nenhum reajuste. Novos reajustes serão definidos pela política remuneratória e pelos planos de carreira.
(FCz e KA)

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