São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Jatene admite que a fiscalização é falha

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Adib Jatene, da Saúde, admitiu ontem que a fiscalização nas clínicas de hemodiálise no país é falha. Ele fez a afirmação à Folha em São Paulo ao comentar as 27 mortes no Instituto de Doenças Renais de Caruaru (PE) (leia nesta página).
Segundo Jatene, há três semanas o Ministério da Saúde fez um treinamento com as chefias de auditoria do ministério e das secretarias estaduais da Saúde.
O treinamento, de uma semana, tenta melhorar a qualidade das vistorias nas clínicas de hemodiálise.
"Se a fiscalização não era a desejável, nós precisamos fazer um treinamento do pessoal. Precisamos reintroduzir uma fiscalização sistemática", afirmou Jatene.
Segundo ele, o ministério, com ajuda das secretarias estaduais da Saúde, iniciou na semana passada uma auditoria em toda a rede de hemodiálise do país.
Antes da fiscalização orientada pelo ministério, o controle era feito, segundo Jatene, pela Vigilância Sanitária dos Estados.
Jatene disse que o novo trabalho de fiscalização é semelhante ao que está sendo feito nos bancos de sangue desde 2 de fevereiro. Até agora o ministério interditou 7 de 54 bancos de sangue fiscalizados.
O ministro afirmou que a Secretaria da Saúde de Pernambuco está tomando providências para resolver os problemas do IDR de Caruaru. "Os pacientes foram transferidos para Garanhuns e Recife. Doentes em hemodiálise não podem interromper o tratamento", disse.
Segundo Jatene, a secretaria estadual de Pernambuco abriu uma sindicância para apurar as causas das mortes. "O caso está sendo acompanhado pelo ministério."
Segundo Jatene, eventuais punições aos culpados pelas mortes serão definidas pela Justiça.
O ministro afirmou que a sindicância vai gerar um inquérito, que "será tratado na área da saúde e da Justiça e será encaminhado ao Ministério Público".
Jatene disse que, no âmbito do ministério, as clínicas com problemas serão interditadas, "o que já foi feito em Caruaru".
Recadastramento
Jatene afirmou que, após a vistoria em toda a rede de hemodiálise e de bancos de sangue no Brasil, o ministério vai fazer um "recadastramento em toda a rede hospitalar do país".
"Vamos visitar todos os hospitais e ver as condições em que eles estão trabalhando. Vamos verificar, por exemplo, os leitos que eles têm disponíveis, laboratórios, raios X", disse Jatene.
Em 95, o ministério recadastrou, segundo Jatene, todas as indústrias produtoras de medicamentos. "Interditamos 107 e cancelamos o registro de 200."

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