São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Companhia muda o sistema de cloração

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CARUARU

A Compesa (Companhia Pernambucana de Abastecimento) modificou o sistema de cloração da água fornecida aos carros-pipa após a divulgação das mortes dos pacientes do IDR (Instituto de Doenças Renais) de Caruaru (PE).
A água, que era clorada pelos próprios motoristas na portaria da empresa, passou a ser tratada antes de ser despejada nos tanques dos veículos.
Segundo o vigilante da Compesa, Paulo Roberto Leite, a alteração no sistema de cloração da água fornecida aos carros-pipa ocorreu há cerca de duas semanas.
"Antes, a cloração era feita aqui, mas agora já vem lá de cima", confirmou.

Segundo ele, apenas a água fornecida ao IDR não passava pelo tratamento. "Eles tratavam lá mesmo", disse.
Leite era um dos vigilantes responsáveis pelo fornecimento do cloro em pó na portaria da empresa. Segundo o motorista de carro-pipa Joel do Nascimento, 25, o produto era entregue numa "latinha de esmalte sintético".
Procurado ontem pela Agência Folha, o gerente regional da Compesa, Judas Tadeu de Souza, disse que não tinha mais nada a declarar sobre o caso.
"Não importa de onde veio a água, ela tinha de ser tratada para a hemodiálise", afirmou. Souza nega qualquer responsabilidade da empresa pelas intoxicações ocorridas durante sessões de hemodiálise.
Barragem
A Compesa, disse o gerente, abastece "de 100 a 200 caminhões-pipa por dia e ninguém apresentou problema". A água vem da barragem de Tabocas, a maior da região, localizada a 38 km da cidade.
Os carros-pipa são necessários porque o abastecimento é crítico em Caruaru.
A cidade, de 250 mil habitantes, vive em regime de racionamento. A população recebe água durante dois dias e fica sem o produto quatro dias.
"O problema é a falta de mananciais", disse Souza.
Segundo ele, a Compesa fornece 1,6 milhão de litros por hora à cidade, quando precisaria oferecer pelo menos 3,5 milhões de litros no mesmo período.

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