São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Spielberg pensa o cinema como arma em "1941"

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"1941" (CNT/Gazeta, 21h45) é provavelmente o mais desprezado dos filmes de Spielberg.
Talvez duas explicações dêem conta do fato. A primeira é que não é um filme com começo, meio e fim, na linha tradicional do diretor, mas uma sucessão de vinhetas, suscitadas pela Segunda Guerra Mundial.
A segunda é que o humor não é óbvio -pelo menos nem sempre- e que, por uma vez, Spielberg optou por filmar em liberdade, optando pelo risco e eventualmente pelo desequilíbrio.
No mais, este cineasta que revolucionou Hollywood cria uma situação interessantíssima: um submarino japonês chega à costa da Califórnia, a fim de bombardear Hollywood, "fortaleza simbólica" dos Aliados.
Os mais influentes líderes políticos desde 1920 pensaram seriamente no assunto: Lênin, Mussollini, Hitler, Franklin Roosevelt etc. A inocência (suposta) do cinema deriva de sua capacidade (também suposta) de reproduzir a verdade. É nisso, em todo caso, que as pessoas crêem.
Mas essa verdade da objetiva (objetiva: nome técnico das lentes usadas nas câmeras), da captação, deriva em ilusão. A realidade é o fundamento. A ilusão é a finalidade.
Esse é o tema secreto de "1941" (tão secreto que, no futuro, Spielberg preferiu não voltar a ele). Ele confere grandeza a um filme efetivamente cheio de desequilíbrios, mas que dá ao mais mal-humorado dos espectadores alguns momentos irrecusáveis de prazer. Entre eles, aqueles em que estão implicados John Belushi (o aviador maluco) e Toshiro Mifune (o oficial japonês).
(IA)

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