São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996 |
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FHC vai investir R$ 500 mi em obras do São Francisco SÔNIA MOSSRI SÔNIA MOSSRI; VANDECK SANTIAGO
O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia amanhã, durante viagem ao Nordeste, a retomada do polêmico projeto de transposição das águas do rio São Francisco, com investimentos de R$ 500 milhões nos próximos quatro anos. Na prática, o projeto ganhou versão mais modesta. O custo de R$ 1 bilhão, previsto pelo governo Itamar Franco, caiu pela metade. A nova versão pode até reduzir a participação de empreiteiras -as obras poderão ser executadas integralmente por batalhões de engenharia do Exército. Isso reduziria o preço para cerca de R$ 300 milhões. A Secretaria Especial de Políticas Regionais está refazendo o projeto inicial. O anúncio da retomada das obras do São Francisco acontece no momento em que o presidente, de olho na reeleição, decidiu dar mais atenção ao Nordeste. Ele voltará à região em maio para anunciar, durante reunião da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), um pacote de programas que somariam investimentos de R$ 3,3 bilhões. Jantar Na última sexta-feira um grupo de seis senadores jantou com FHC no Palácio da Alvorada, em reunião articulada pelo ministro Cícero Lucena. Os senadores Beni Veras (PSDB-CE), Lúcio Alcântara (PSDB-CE), José Agripino (PFL-RN), Joel de Hollanda (PFL-PE), Waldeck Ornelas (PFL-BA) e Freitas Neto (PFL-PI), disseram ao presidente que há uma insatisfação entre os políticos da região com a falta de um programa de governo para o Nordeste. Os ministros do Planejamento, José Serra, e do Meio Ambiente, Gustavo Krause, o vice-presidente da República, Marco Maciel, e o secretário-executivo do Planejamento, Andrea Calabi, também participaram do encontro. Para dar a atenção pedida, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) destinará R$ 2 bilhões ao ano ao Nordeste -R$ 1 bilhão financiará a conclusão mais rápida de projetos incentivados pela Sudene. Hoje a Sudene tem R$ 500 milhões ao ano para 300 projetos. Atuando conjuntamente com o BNDES, esses projetos serão implantados mais rapidamente. Para ter acesso aos créditos do BNDES, com taxas de juros abaixo das praticadas pelo mercado, o projeto passará por um exame da equipe econômica para detectar possíveis irregularidades. O BNDES ampliará o programa Nordeste Competitivo, com mais R$ 1 bilhão ao ano, para todo projeto que gere empregos. Hoje o financiamento está restrito ao turismo, agroindústria, pedras ornamentais e indústria têxtil. O governo também está negociando R$ 1 bilhão para projetos de irrigação junto a organismos como Banco Mundial, ao lado de agências oficiais do governo japonês. O BNDES ainda promete injetar mais R$ 320 milhões para que Estados da região tenham contrapartida para empréstimos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) -o dinheiro é para melhorar a infra-estrutura turística. Medidas ecológicas A visita que FHC fará a cinco municípios do Ceará, no próximo sábado, será marcada por medidas ecológicas. Ele vai assinar um decreto tornando 2,2 milhões de hectares da Chapada do Araripe e 625 mil hectares da Serra do Ibiapaba em áreas de proteção ambiental. As áreas ficarão sob controle federal, e qualquer alteração que nelas seja feita terá de seguir a legislação ambiental. Depois da assinatura do decreto no sábado, em Crato (a 570 km de Fortaleza), FHC vai para Juazeiro do Norte (CE), de onde embarca para Brasília. A programação de FHC no Nordeste prevê a visita a dez cidades de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará e deve começar amanhã. Colaborou Vandeck Santiago, da Agência Folha, em Recife Texto Anterior: CONTRAPONTO Próximo Texto: Fernando Henrique era contra o projeto Índice |
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