São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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Bomba é caso da Justiça, diz Exército

ELZA PIRES DE CAMPOS; RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As Forças Armadas consideram o caso das bombas no Riocentro um assunto do Judiciário.
Os ministros do Exército, Zenildo de Lucena, e do Estado-Maior das Forças Armadas, Benedito Onofre Bezerra Leonel, afirmaram ontem que não estão preocupados com a hipótese de reabertura do processo.
No STM (Superior Tribunal Militar), onde foi arquivado o processo sobre o atentado terrorista durante show comemorativo do 1º de maio de 81, há o entendimento de que novas investigações teriam apenas um efeito moral.
Os dois ministros militares compareceram ontem à posse do novo procurador-geral da Justiça Militar, Kleber de Carvalho Coelho -uma dia antes do lançamento do livro do ex-ministro do STM, Júlio de Sá Bierrenbach, hoje, no Rio.
Zenildo afirmou que o caso Riocentro, se for reaberto, "não é um problema nosso, é da Justiça".
Para ele, "a Força está bem e não se pode misturar a instituição com casos isolados já apurados e que podem voltar a ser apurados".
Bezerra Leonel disse que se confundem as instituições militares com as pessoas. "Isso é lamentável. Devem ser evitadas idéias preconceituosas e carregadas de ideologias ultrapassadas", afirmou.
Para o ex-procurador-geral da Justiça Militar Marco Antônio Pinto Bittar, há um consenso, no meio militar, de que o arquivamento com base na Lei da Anistia, de 79, significa um ponto final no caso.
"A Lei da Anistia foi feita para restabelecer um equilíbrio entre vencedores e vencidos. É da essência da lei não permitir que a ferida seja a todo o momento reaberta. Caso contrário, ela não cicatriza."
Por esse raciocínio, qualquer investigação teria apenas efeito moral. Na prática, não seria possível condenar mais ninguém.
Nas reuniões de análise sobre as pressões de algumas entidades pela reabertura do processo, o Exército avalia que nenhuma investigação poderá chegar a um fato que prove que a instituição apoiou atentados.
Entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) esperam que, a partir dos novos lançamentos editoriais, seja possível descobrir fatos novos para reabrir o caso Riocentro.
(ELZA PIRES DE CAMPOS e RUI NOGUEIRA)

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