São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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Maisky volta a tocar em SP

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Misha Maisky, 48, violoncelista letão naturalizado israelense, abre hoje a temporada 1996 da série Concertos Internacionais Hebraica/Banco de Boston.
Ele será acompanhado pelos 13 músicos de cordas da Orquestra de Câmara Villa Lobos. Será esta a terceira vez que Maisky vem ao Brasil. A primeira foi em 1989.
Os concertos de hoje e do próximo sábado terão o mesmo programa: "Sinfonia nº 9" de Mendelssohn, "Andante Cantabile" para violoncelo e orquestra de Tchaikovski, "Serenata em Mi Menor para Cordas" de Elgar e "Concerto em Dó Maior" para violoncelo e orquestra de Haydn.
Eis os principais trechos da entrevista de Maisky à Folha.
*
Folha - A exemplo do ano passado, o sr. interpretará um concerto para violoncelo de Joseph Haydn. É alguma preferência especial?
Misha Maisky - Não particularmente. Eu gosto muito dele, tanto quanto de muitos outros compositores. O que ocorreu foi uma coincidência, própria à limitação do repertório disponível para solista e orquestra de câmara sem regente.
Folha - Quais os compositores com os quais seu estilo de interpretação possui mais afinidades?
Maisky - A lista seria longa. Eu sinto muita empatia com a música de diversas épocas e de diversas tradições e origens culturais. E esse gosto pela diversidade não diz respeito apenas à música. Eu gosto de culinárias de muitos países, de estilos de vida de diversos povos.
Folha - Mas boa parte de suas gravações são de compositores do século 19.
Maisky - É possível. Mas, em verdade, eu me sinto tão à vontade com Bach, que é do início do século 18, quanto com Chostakovitch, que é um compositor do século 20.
Folha - O sr. já gravou em companhia de Nelson Freire e de Martha Argerich. Algum deles lhe despertou maior afinidade?
Maisky - Seria muito difícil dar uma resposta. Gosto de tocar em companhia dos dois. Eles são bastante semelhantes para mim. Ambos me transmitem o mesmo tipo de vibração.
Folha - Eu queria lhe perguntar com que maestro o sr. adorou tocar. Mas visivelmente não seria uma boa pergunta.
Maisky - Justamente eu a responderia bem mais à vontade. Trata-se de Leonard Bernstein. Considero-me um privilegiado por ter tido oportunidades numerosas de tocar com ele. Foram mais de 20 concertos e três gravações. Ele é a meu ver um dos maiores músicos de todos os tempos.
Folha - Quando o sr. não está ensaiando ou se exercitando, que tipo de livro gosta de ler?
Maisky - Eu infelizmente leio bem menos do que eu desejaria. Mas o fato de ter morado na Rússia me permite ter uma afinidade muito grande com os romancistas daquele país.

Concerto: Misha Maisky (violoncelo) e Orquestra de Câmara Villa Lobos Quando: Hoje e sábado, às 21h Onde: A Hebraica (r. Hungria, 1.000; tels. 011/818-8888 e 818-8889) Ingresso: R$ 25 e R$ 12,50 (estudante); assinatura para os dez concertos da temporada: R$ 300 (não sócios), R$ 250 (sócios) e R$ 150 (estudantes)

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