São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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Shaun Ryder retorna com Black Grape

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Chega ao Brasil mais um representante da boa fase do pop inglês. "It's Great When You're Straight", CD de estréia do Black Grape, foi aclamado pela imprensa britânica como um dos melhores de 1995.
O disco marca a volta de Shaun Ryder, ex-vocalista dos Happy Mondays.
Sensação da chamada "indie dance", a banda atingiu o auge do sucesso em 1989/90.
Na época, ganharam a reputação de banda mais "junkie" de todo o planeta.
Crack, ácido, ecstasy e heroína entravam na dança. Em 1992, brigaram feio e se separaram.
Em entrevista à Folha, Ryder lembra sua visita ao Brasil (em 1991, para o Rock in Rio) e diz que não toma mais drogas pesadas.
*
Folha - O que você lembra da sua passagem pelo Brasil?
Shaun Ryder - Pouca coisa. Lembro que tocamos para um monte de pessoas. E o equipamento foi roubado. Mas foi divertido.
Folha - Em que o Black Grape se diferencia dos Happy Mondays?
Ryder - A diferença é que agora eu estou gostando de fazer música. Antes, era só rock'n'roll, descobrir até onde podíamos chegar.
Folha - Você gosta do pop inglês atual, o "britpop"?
Ryder - Há muita música boa sendo feita, mas não é uma coisa só. As bandas são muito diferentes.
Folha - Por que os Happy Mondays se separaram?
Ryder - Quando começamos, a média de idade era de 16 anos. Éramos amigos, mas aí crescemos e a ambição acabou com a banda.
Folha - As drogas ajudaram?
Ryder - Claro, é tudo a mesma coisa. Ambição, álcool, drogas.
Folha - Por que você demorou três anos para lançar um disco?
Ryder - Gravamos em dez meses. O resto foi gasto em negócios.
Folha - O Happy Mondays foram a banda mais "junkie" da história?
Ryder - A imprensa sempre exagera. Todo mundo estava tomando tudo, mas nós levamos a fama.
Folha - Como você está agora? Ainda toma alguma droga?
Ryder - Nesse momento, estou ótimo. Bebi meu oitavo copo de Guinness e fumei um baseado. Não quero tomar nada mais pesado.
Folha - Drogas ajudam a compor?
Ryder - É claro que ajudam. Mas é uma coisa ruim de se dizer.
Você não quer que os garotos saiam por aí dizendo 'yeah, vamos tomar drogas e fazer rock'. Mas a música é meio como James Bond: você tem licença para se drogar.
Folha - É bom estar 'careta', como diz o título do disco?
Ryder - É fantástico.
Folha - Há quanto tempo você tem essa sensação?
Ryder - Faz umas duas horas.

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