São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Autor faz biografia de Oiticica

DA SUCURSAL DO RIO

Waly Salomão tem motivo para se considerar em "excelentes relações com o mundo editorial".
Com um livro de poemas pronto, outro engatilhado, ele está envolvido em mais dois projetos editoriais relacionados a pessoas de sua predileção: uma biografia do artista plástico Hélio Oiticica e uma coletânea para "introduzir o público brasileiro" na obra do poeta americano John Ashberry.
O livro sobre Oiticica (1937-1980), artista plástico performático cuja obra integra o que há de mais importante na vanguarda artística brasileira, deverá ser lançado em meados de julho, pela editora Relume Dumará.
O trabalho sobre Oiticica -de quem Salomão foi amigo e cuja trajetória acompanhou de muito perto- entusiasma o escritor.
"Ao falar do Oiticica, eu pretendo realizar um perfil da obra e da vida em perfeita simbiose. Não vou privilegiar apenas os aspectos construtivistas. Mas também o lado da imersão na marginalidade, no morro da Mangueira, na gíria, na malandragem."
O nome do livro será "Hélio Oiticica, qualé o Parangolé?" e refere-se ao artefatos criados por Oiticica, os parangolés, espécie de arte para ser usada no próprio corpo.
Para elaborar o livro Salomão tem em mãos farto material recolhido nos anos de convivência com Oiticica. "Tenho muita coisa daquela época. Além dos textos, possuo diversas gravações de nossas conversas telefônicas e também fitas que ele me mandava."
Quanto à coletânea de Ashberry, poeta contemporâneo norte-americano, trata-se de uma iniciativa com vistas à difusão de sua obra no Brasil. O livro, elaborado em parceria com Antonio Cícero, trará 14 poemas do autor, introduções e textos analíticos.
Mas, ainda no ramo das artes plásticas, Salomão tem outro trabalho para este ano: foi convidado pela fundação Tapiés, de Barcelona, para escrever um texto que deverá acompanhar a retrospectiva que aquela importante casa cultural espanhola realizará da obra da artista brasileira Lygia Clark (1920-1988).
"Será uma retrospectiva grandiosa, que vai viajar por muitos países", avisa Salomão, que adianta aspectos do seu texto: "Vou abordar sua terapia relacional e os limites entre a arte e a psicoterapia em seu trabalho. Deverá ter muito de pessoal, porque, afinal, durante um ano e meio eu fui paciente e interlocutor de Lygia".

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