São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Guerra à paranóia

CLÓVIS ROSSI

Lille - Vai se insinuando pelo mundo uma guerrilha contra a "paranóia antiinflacionária" que tomou conta do planeta nas duas décadas mais recentes.
A expressão pertence a Reinaldo Gonçalves, titular de economia internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e foi usada em excelente artigo sobre desemprego publicado no número janeiro/março da "Revista Brasileira de Comércio Exterior".
Rudiger Dornbusch, economista do mitológico MIT (o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA), parece ser um dos guerrilheiros, no que toca especificamente ao Brasil.
Não li a entrevista dele à Folha, mas o resumo verbal feito por Celso Pinto antes que eu viajasse para a França dá essa sensação.
Agora, a OIT (Organização Internacional do Trabalho, agência da ONU) ataca na mesma direção, mas referindo-se ao mundo, ao menos ao mundo industrializado.
Relatório preparado especialmente para a reunião sobre emprego do G-7 (os sete países mais ricos do mundo) diz: "No corrente contexto de inflação baixa, insuficiência de investimento produtivo e persistente estoque de desemprego há espaço para expansão macroeconômica sem, necessariamente, criar um ressurgimento de pressões inflacionárias".
Faltou pouco para dizer que um pouco mais de inflação não seria uma tragédia, desde que acompanhada de bem menos desemprego.
É natural: a OIT culpa pelo desemprego, essencialmente, "o crescimento (econômico) inadequado das duas décadas passadas".
Se é assim, a crise do emprego vai continuar: o Fundo Monetário Internacional acaba de divulgar sua previsão de crescimento para 96 e 97. Será anêmico nos países ricos (2,5% em 96 e 2,6% em 97).

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