São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Frigoríficos vão adotar selo de qualidade

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais frigoríficos do país decidiram adotar um selo de qualidade na carne bovina que vendem. Só poderão usar o selo os frigoríficos que são fiscalizados pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal), órgão do Ministério da Agricultura.
A decisão foi tomada no último domingo por sindicatos de frigoríficos de oito Estados (São Paulo, Minas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul) e do Distrito Federal.
Eles respondem por 40% da carne vendida no país que passa por inspeção federal, segundo Vasco Carvalho Oliveira Junior, presidente do Sindfrio (Sindicato da Indústria Frigorífica do Estado de São Paulo).
Reportagem da Folha do último domingo mostrou que 50% da carne bovina comercializada no país não passa por inspeção sanitária, segundo o Ministério da Agricultura. No Estado de São Paulo, a carne clandestina chega a 60%.
Carne sem inspeção causa desde intoxicação alimentar até neurocisticercose, doença que pode afetar a visão e levar à loucura.
Segregar o clandestino
O selo de qualidade para a carne bovina será emitido pela Abif (Associação Brasileira da Indústria Frigorífica), entidade que está sendo criada por sindicatos do setor. Será similar ao usado pela indústria do café.
Os critérios para aplicação do selo estão sendo discutidos com o Ministério da Agricultura, supermercados e pecuaristas.
A princípio, só receberiam o selo os frigoríficos vistoriados pelo SIF. Segundo Oliveira Junior, os serviços de inspeção dos Estados ainda não têm o rigor necessário para garantir qualidade à carne que inspecionam. Lei de 1989 descentralizou a inspeção. O SIF cuida da carne para exportação e para o comércio interestadual; a inspeção estadual, do produto que circula no próprio Estado e a municipal, da que é vendida no município.
Especialistas dizem que a medida provocou o descontrole sobre a carne vendida no país. O SIF segue fazendo seu trabalho, mas os serviços de inspeção estadual e municipal são despreparados tecnicamente ou omissos.
"A idéia do selo é dar segurança ao consumidor, incentivar os melhores produtores e segregar os matadouros clandestinos", diz Oliveira Junior.
A Abif quer manter um corpo de veterinários, que trabalhariam junto com os técnicos do SIF, para vistoriar os frigoríficos com direito ao selo. "Somos contra a auto-inspeção. Para ser séria, ela tem de ser feita por um órgão público".
Ainda não há data para o selo começar a ser emitido nem custo do projeto, bancado pela Abif.

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