São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Pecuaristas fazem críticas

DA REPORTAGEM LOCAL

O pecuarista Pedro Camargo Neto, presidente da Fundepec (Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo), diz que houve uma regressão na inspeção da carne porque muitos frigoríficos não se preocupam com qualidade.
Em 1975, 73,9% dos bovinos abatidos eram fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal. Atualmente, só 50% da carne passa por algum tipo de vistoria.
"Só os frigoríficos que exportam estão preocupados com a qualificação da carne. O consumidor interno está sendo penalizado", diz Camargo Neto.
A Fundepec foi criada para atacar a febre aftosa, doença que afeta o rebanho bovino. Por causa dela, os EUA não importam carne brasileira in natura. É raríssima a ocorrência de aftosa no homem.
O trabalho do fundo deu certo. Em 1994, foram notificados 179 focos de aftosa no Estado de São Paulo; ano passado, o número de focos caiu para 18.
Com a febre aftosa sob controle, Camargo Neto diz que agora a entidade vai se preocupar com outras quatro doenças que atacam o rebanho, como a tuberculose.
Não estava nos planos da Fundepec o combate à cisticercose, a mais grave doença transmitida pela carne ao homem. Segundo o Serviço de Inspeção Federal, 4,18% dos 2.631.574 abatidos no Estado de São Paulo tinham cisticercose.
"Não acredito nesse número, mas se ele estiver correto vamos fazer algo contra a cisticercose".
Ele defende que critérios de qualidade total sejam aplicados em toda o cadeia da carne -do gado no pasto à comercialização.
"Os frigoríficos deveriam premiar os melhores criadores, a carne mais macia. Eles pagam o mesmo preço por um boi doente e por um boi bom", afirma.
Vasco Carvalho Oliveira Junior, do Sindicato da Indústria Frigorífica do Estado de São Paulo, diz que a crítica tem procedência. "Hoje, o mercado está nivelado por baixo. É por isso que setor de frigoríficos está muito desorganizado. Isso vai começar a mudar com o selo de qualidade".

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