São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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'Vaca louca' é tema de seminário em SC

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

O Brasil não vai se beneficiar com o fim das exportações de carne bovina da Inglaterra para países europeus, por falta de inspeção sanitária.
O alerta é de Tânia Lyra, ex-assessora do ministro da Agricultura, José Eduardo Vieira, que participou ontem de seminário, em Florianópolis (SC), sobre a "doença da vaca louca". O seminário, organizado pelo Departamento de Zootecnia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), foi o primeiro do gênero na América Latina.
Segundo o professor Luiz Carlos Pinheiro Machado, organizador do evento, o objetivo foi "alertar o país para o problema e elencar recomendações técnicas para evitar a doença".
Um conjunto de recomendações será enviado ao Ministério da Agricultura ao fim das discussões. As conclusões do seminário e essas recomendações estavam sendo aprovadas na noite de ontem.
Segundo Tânia Lyra, ex-secretária de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, é falsa a idéia, disseminada entre pecuaristas, de que o Brasil vai aumentar suas vendas externas com o fim das exportações de carne da Inglaterra para a Europa. "Eles exigem rigoroso controle sanitário e hoje não temos condições de provar que não temos a doença (da vaca louca)", afirmou Lyra. Cerca de 50% da carne bovina consumida hoje no Brasil são provenientes de abates clandestinos, segundo dados do próprio governo.
Pinheiro Machado alertou para a rapidez na proliferação da doença, que surgiu em abril de 1985 na Inglaterra e foi notificada em 1986.
Hoje, a encefalopatia espongiforme bovina -a "doença da vaca louca"- tem registros nas ilhas Malvinas (primeiro local da América Latina a registrar a doença), Canadá, Omã, Alemanha, Dinamarca e Itália. Nesses países, foi provado que a contaminação ocorreu por importação de animais vivos.

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