São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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SDE abre inquérito por indício de cartel

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A delegacia regional de São Paulo da Secretaria de Direito Econômico (SDE), órgão ligado ao Ministério da Justiça, abriu ontem inquérito administrativo contra as distribuidoras de combustível por suspeita de formação de cartel.
A formação de cartel, no caso, significa que as distribuidoras teriam feito um acordo para reajustar os combustíveis de maneira uniforme, sem justificativa econômica, após a liberação dos preços.
Caso isso se confirme as distribuidoras estarão sujeitas a multas (de R$ 170,00 a R$ 2,65 milhões por dia) e ainda à interdição. O Cade (Conselho Administrativo de Direito Econômico) julgará o caso.
A abertura do inquérito foi determinada pelo inspetor regional da SDE em São Paulo, Paulo Cremonesi, com base em denúncia do Sincopetro, sindicato que reúne 6.800 postos no Estado.
O Sincopetro apresentou a Cremonesi faturas de compras de combustíveis com reajustes entre 14% e 18%, acima do índice de 10% sugerido pelo governo.
Cremonesi justifica a abertura do inquérito administrativo por entender que há um "vínculo psicológico" entre os aumentos.
"Com base nas faturas apresentadas pelo Sincopetro, é possível ver que as distribuidoras reajustaram os preços entre 14% e 18%, ao que parece de forma combinada", afirma Cremonesi.
O Sindicom, sindicato nacional das distribuidoras de combustíveis, informou ontem que só vai se manifestar sobre o caso quando for notificado oficialmente.
O vice-presidente para Mercados Nacionais da Shell, Henrique Neves, disse que a margem de lucro da empresa "não foi alterada".
"Desconheço o que as outras distribuidoras fizeram. Mas as autoridades têm todo o direito de investigar quem elas quiserem."
Além do inquérito administrativo, foi aberto inquérito policial na 2ª Delegacia de Crimes Contra a Economia Popular para saber se as distribuidoras ou os postos estão praticando preços que podem ser considerados abusivos. A pena é a reclusão dos responsáveis, por um período de dois a cinco anos.

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