São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996 |
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Prefeito faz uso eleitoral Programas sociais do governo servem a interesses políticos ARI CIPOLA
Por enquanto, o programa aplica fórmulas convencionais de combate à miséria, que funcionam há décadas na região como a principal moeda eleitoral do coronelismo político. O Comunidade Solidária é comandado pela primeira-dama Ruth Cardoso e coordena as ações do governo federal na área social. O tripé básico do programa, em sua primeira etapa, está calcado na distribuição de cestas básicas e leite, compra de ônibus para transporte de estudantes e kits escolares e programas de agentes de saúde. Os oito municípios sertanejos contemplados pelo programa no noroeste baiano são um bom exemplo do quadro criado pelo Comunidade Solidária. Nestas cidades e em Itabuna (BA) são distribuídas 51.042 cestas básicas com 30 quilos de alimento por mês. Só em Jeremoabo, por exemplo, são distribuídas 5.465 cestas básicas por mês. Isso significa que metade da população vai comer, até o final do ano, alimentos doados pelo governo, ação que os políticos locais capitalizam em termos eleitorais. O investimento feito pelo Comunidade Solidária até agora nestes municípios atinge R$ 170 milhões. O valor acrescenta de três a cinco receitas mensais ao orçamento dessas cidades em 1996. Sem contar com os gastos da União com as cestas básicas, a Prefeitura de Jeremoabo já recebeu, de novembro de 95 até fevereiro, R$ 500 mil, duas vezes e meia a receita mensal do município. Para cada um dos programas, o Comunidade exige uma comissão de representantes da sociedade civil para administrá-lo, uma tentativa de não permitir que a ação do governo federal seja usada eleitoralmente. As cestas básicas são distribuídas pelo Exército. "É claro que o povo vai reconhecer que os benefícios do Comunidade Solidária vieram na minha administração. Isso deve ajudar na campanha, mas fomos escolhidos porque somos o segundo município mais pobre do Estado", afirmou o prefeito de Novo Triunfo, José Moreira Filho (PFL). Texto Anterior: Planalto tenta apressar as reformas Próximo Texto: Relator considera multa "exagerada" Índice |
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