São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Fuga tem 2 mortes e 11 recapturados

Um fugitivo e uma estudante morreram nas perseguições

DOS ENVIADOS ESPECIAIS; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A saga dos amotinados do presídio de Goiânia começa a chegar ao fim. Até as 20h30 de ontem, 11 dos 45 fugitivos tinham sido presos. Um morreu. Outros dois suspeitos estavam detidos.
A rebelião terminou anteontem, após 151 horas, com a fuga de 45 presos -com os seis reféns- em oito carros fornecidos pela polícia.
Os seis reféns estão em liberdade. Uma estudante morreu num tiroteio entre a polícia do Distrito Federal e os fugitivos.
Carolina Cardoso de Andrade, 24, foi morta quando parou na barreira feita pela PM do DF. A Folha presenciou a troca de tiros entre os policiais e os fugitivos. Uma bala perdida atravessou o braço esquerdo de Carolina e se alojou em seu peito. A Polícia Civil do DF abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte.
Presos
Leonardo Pareja, 22, líder da rebelião, foi detido em Porangatu (GO), depois de permanecer por pelo menos três horas passeando em Goiânia. Chegou a parar num bar para comprar cerveja.
Aldo Sabino, 23, que o acompanhava como refém, disse à Folha que considera Pareja um "amigo". O assaltante chegou a deixar o revólver com o refém quando saiu do carro para ir ao bar.
Em Porangatu, foi preso também outro fugitivo, ainda não identificado. Ele acompanhava Célio Antônio de Souza, o preso que foi morto por um tenente do Exército.
Em outra cidade de Goiás, Santo Antônio do Descoberto (50 km de Brasília), a polícia goiana prendeu Divino Gonçalves Soares.
Outros oito fugitivos foram presos pela polícia do Distrito Federal.
Renato Antônio Severino foi detido ontem à tarde num ônibus que ia de Santo Antônio do Descoberto para Brasília.
José Amâncio Costa Neto foi detido, às 6h da manhã de ontem, no DF, a 10 km de uma barreira onde havia abandonado, na madrugada, o Verona cuja perseguição causou a morte de Carolina.
Na noite de anteontem, seis fugitivos que seguiam num Tempra, levando o desembargador Homero Sabino como refém, atravessaram uma barreira policial no DF e acabaram presos.
Reginaldo Souza Rodrigues, Newton Pio Dias, Nílson Pereira Sobrinho, César Augusto de Freitas, Ivan Cassiano da Costa e Epaminondas Ferreira de Melo foram detidos depois que o Tempra em que viajavam bateu contra um carro-de-choque da PM, que bloqueava a estrada.
A Polícia Militar do DF prendeu ainda dois suspeitos. Eles estavam armados, num ônibus que seguia para Brasília. Não portavam documentos e traziam R$ 2.000 cada um, segundo informa a PM.
Inicialmente, estava acertado que 43 presos fugiriam do presídio de Goiânia. A Polícia Federal informou, porém, que, na hora da fuga, outros dois presos entraram no porta-malas de um dos carros e também fugiram.
Reféns
Além de Homero Sabino, resgatado no DF, foram ainda libertados os reféns Fábio Cristovam Faria e Aldo Guilherme Sabino, em Porangatu, Juarez Francisco Albuquerque, em Anápolis (GO), Antônio Lorenzo Filho, em Teresinha de Goiás, e Gilberto Marques Filho, em Cuiabá (MT).
Durante todo o dia de ontem, um mutirão tentou recuperar as instalações do presídio para que os 480 presos que foram levados para o estádio Serra Dourada pudessem retornar às celas. A remoção começaria na noite de ontem.
Pareja, que ontem estava preso e incomunicável numa cela do 7º Batalhão da PM de Goiás, também poderia ser transferido ainda ontem para o presídio de onde fugira.
O governador de Goiás, Maguito Vilela (PMDB), disse ontem que está satisfeito com o desfecho do episódio. Ele deu a declaração depois de ser informado da libertação de todos os seis reféns: "O importante foi ter preservado a vida dos reféns", afirmou.

LEIA MAIS sobre a fuga na pág. 3

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