São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996 |
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Argentina quer antecipar alíquota zero DANIEL BRAMATTI DANIEL BRAMATTI; SÔNIA MOSSRI
SÔNIA MOSSRI O presidente Fernando Henrique Cardoso desembarca no domingo em Buenos Aires com um novo problema para administrar nas relações Brasil-Argentina. O Ministério da Economia argentino quer antecipar para 1999 o início da alíquota zero para o comércio de automóveis entre os dois países. O acordo do Mercosul (Mercado Comum do Sul, incluindo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) prevê que somente a partir do ano 2000 o comércio de veículos na região terá alíquota zero. A ministra da Indústria e Comércio, Dorothea Werneck, disse à Folha, por intermédio da sua assessoria de imprensa, que o pedido de antecipação para 1999 partiu dos argentinos. Contencioso A Folha apurou que a equipe do ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, propôs a antecipação porque avalia que isso beneficiaria a indústria automobilística daquele país. Além disso, os argentinos suspeitam que o governo brasileiro tentaria negociar um novo acordo, com regras diferentes, ou seja, sem a implantação imediata no ano 2000 da alíquota zero. Os ministérios da Fazenda e da Indústria e Comércio afirmam formalmente que a Argentina não tem e nem teria capacidade instalada na indústria automobilística para colocar o setor nacional em posição de desvantagem. No ano passado, os argentinos exportaram para o Brasil cerca de 50 mil veículos. A expectativa para 1996 é que esse número salte para 70 mil. A discussão da antecipação da alíquota zero para o comércio de veículos será um dos temas principais da agenda de FHC com o presidente argentino, Carlos Menem. Na prática, as montadoras argentinas enfrentam uma crise por causa da recessão (queda da atividade econômica) -as vendas no mercado interno chegaram a registrar queda de 50% nos últimos seis meses. Por isso, as exportações para o Brasil se transformaram num fator essencial para a sobrevivência do setor na Argentina. 'Ficaremos loucos' O presidente da Adefa (Associação de Fábricas de Automotores), Horacio Losoviz, disse ontem que considerava absurda a proposta de mudança. "Se mudarem as regras do jogo outra vez ficaremos loucos. Que vou dizer às empresas que já programaram investimentos?", disse. Texto Anterior: Venda de "popular" bate recorde mensal Próximo Texto: Guiba ameaça expulsar os dissidentes Índice |
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