São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Consignação torna-se frequente

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma prática de comércio mais comum nos produtos sazonais -como ovos de Páscoa e panetones- começa a ganhar força no país: a venda em consignação.
Na prática, significa a indústria colocar o produto no ponto-de-venda e só receber do comércio depois da venda efetiva.
Levantamento feito pela J.D. Edwards, empresa que estuda o varejo e implanta sistemas de informática no setor, mostra que a venda em consignação já chega a representar até 40% das compras de grandes redes de lojas.
"A vantagem para o comércio é que ele precisa de menos capital de giro para estoques e, para a indústria, é ela ter sempre o produto exposto", diz José Carlos Gouveia, presidente da J.D. Edwards.
Juros
Para ele, a mola propulsora da venda em consignação é a alta taxa de juros. "As empresas acabam fazendo o papel dos bancos."
Na sua análise, a tendência é de essa prática de venda se espalhar por causa do aumento do número de lançamentos das indústrias.
"Às vezes é difícil convencer um supermercadista de que um novo produto vai ter sucesso garantido de vendas. A consignação funciona muito bem nesses casos."
Na rede de supermercados Sé, a compra em consignação já representa 3% do valor das encomendas e está mais concentrada na linha de bazar. "A tendência é crescer", diz David Araújo Neto, diretor.
Ele diz que essa forma de comercialização está ganhando força porque os supermercados estão cada vez mais informatizados e isso facilita o controle de entrada e saída dos produtos.
No setor de alimentos, afirma, a venda em consignação é maior nas linhas de produtos que não são líderes de mercado.
O diretor de uma grande rede de supermercados, que não quis se identificar, diz que, na sua empresa, a consignação já é negociada com com indústrias importantes de óleos, maioneses e perfumaria.
É bom para a indústria, o comércio e o consumidor, afirma ele. A indústria, diz, expõe todos os produtos. O comércio não arca com estoques. E o consumidor tem maior variedade de produtos.
Desvantagem
Na análise de Gouveia, da J.D. Edwards, pode até haver alguma desvantagem para o consumidor, se levado em conta o fato de as empresas não repassarem os ganhos financeiros para os preços.
"É que os supermercados têm 60 dias, em média, para pagar a indústria e vendem à vista. Assim, eles podem jogar para os preços esse benefício."
(FF)

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