São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Freio ao crescimento

CLÓVIS ROSSI

Paris - O comunismo faz bem ao crescimento econômico e à redução das desigualdades sociais.
Não, leitor, você não está lendo, inadvertidamente, um texto antigo do "Pravda", dos tempos da União Soviética.
Essa conclusão é sugerida em um capítulo do livro "Tensões sociais, criação de empregos e política econômica na América Latina", editado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que reúne, hoje, os 26 países mais industrializados do mundo.
O capítulo em referência começa constatando a "chocante" diferença entre os países latino-americanos e os do Leste asiático (região da maioria dos "tigres").
"Enquanto os países latino-americanos têm um crescimento lento ou negativo e uma forte desigualdade, os países do Leste asiático têm uma desigualdade extremamente fraca e um crescimento rápido", continua.
Por que a diferença? "Na Ásia do Leste, os insurgentes comunistas (...) disputavam a fidelidade política do terço mais pobre da população. As elites no poder compreenderam, então, que seu bem-estar político e econômico futuro dependia do bem-estar dos pobres".
Já na América Latina, "as elites no poder não foram levadas pela força das circunstâncias a estabelecer um laço entre seu próprio bem-estar futuro e aquele dos pobres. De fato, adotaram políticas que dão a entender exatamente o contrário, a saber que a sua prosperidade estava assegurada, acontecesse o que acontecesse com o terço inferior da população".
Agora que o comunismo morreu, as elites latino-americanas têm menos motivos ainda para mudar de rumo? Não, se se levar em conta o título do artigo: "Desigualdade, um freio ao crescimento na América Latina".

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