São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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FHC e Maluf

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Está cada vez mais evidente que a recente investida de Sérgio Motta, com o sinal verde de FHC, para convencer Paulo Maluf da reeleição não passou de uma manobra meramente diversionista.
Há evidências disso nas análises que esta coluna ouviu de amigos do presidente da República a respeito do prefeito de São Paulo.
Maluf é visto por FHC como um inimigo inevitável. É tudo uma questão de tempo. Por isso, o presidente trabalha para alongar o período de armistício que reina hoje entre os dois.
Se acontecer o mais óbvio e a reeleição não valer mesmo para os atuais prefeitos, FHC acha que em breve poderá ter Maluf como um adversário feroz. Há formas de amenizar isso.
Poderia oferecer um ministério para Maluf se comportar como um aliado. É improvável que o prefeito aceite.
Se a oferta de ministério não der certo, FHC terá de se preparar para enfrentar os aliados de Maluf no Congresso quando a emenda constitucional for votada. Esse é tido como o pior obstáculo que Maluf instalará na frente do Planalto.
Por isso FHC está tão interessado em ter a reeleição aprovada para este ano. Maluf seria reeleito em São Paulo. Em tese, os tucanos teriam um refresco do prefeito por algum tempo.
Mas mesmo esse refresco duraria pouco. Na opinião de FHC, o prefeito paulistano logo voltaria à carga e começaria a sua campanha para ser presidente já em 98.
A vantagem seria que FHC já teria garantida a possibilidade de se candidatar novamente. Se Maluf escolhesse a via do confronto, seria uma disputa de um administrador municipal (que fez casas populares para favelados) contra um federal (que implantou o Plano Real).
O que é curioso é que apenas Sérgio Motta acredita na possibilidade real de fazer passar a reeleição neste ano. Quer agradar Maluf com essa tese e segurar a ira do prefeito por quanto tempo isso for possível.

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