São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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François e Fernando

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Detesto ter que corrigir companheiros, mas uma incontida paixão pela verdade não me deixa alternativa.
No vôo de volta para São Paulo, li a Folha de quarta-feira. Meu vizinho do andar de baixo, Fernando Rodrigues, diz que o presidente Fernando Henrique Cardoso quer a reeleição, embora não se disponha a ser "Napoleão de hospício".
Já Carlos Heitor Cony vai mais longe: jura que FHC só pensa naquilo (a reeleição, antes que alguém confunda as coisas, sob inspiração de Sérgio Motta).
Posso assegurar que não é bem assim. Fui obrigado, entre o término da cobertura do "G-7 Emprego", em Lille, e a volta para casa, a passar umas 30 horas em Paris (mais um sacrifício pela profissão, que, quase sempre, encaro como um sacerdócio).
Muito bem. Todo o mundo sabe (até eu) que FHC é filho da cultura francesa. Então, aproveitei o tempo para investigar em profundidade as influências que o presidente poderia ter recebido em consequência dessa sua característica.
Estive em todos os templos do saber tipicamente franceses, como a Sorbonne e os bistrôs. Tentei até beber vinho (nacional), mas meu único defeito é não gostar de álcool (nem francês).
Devo confessar que não descobri nada. Mas, em compensação, li no jornal "The International Herald Tribune" uma piada que parece refletir, com perfeição, qual é o verdadeiro projeto de FHC. Basta trocar o nome da vítima da piada, François Mitterrand, o presidente francês morto há pouco, um social-democrata como FHC jura que é.
Mitterrand chega ao céu e pede para entrar. O guardião rejeita o pedido e explica: "Em primeiro lugar, você é adúltero. E, além disso, pensa que é Deus, quando, neste reino, só há um Deus". Mitterrand, rápido: "E quando é a próxima eleição?".

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