São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Combustível subiu mais que o esperado

REINALDO AZEVEDO
COORDENADOR DE POLÍTICA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo começou a semana anunciando uma desastrada liberação no preço dos combustíveis e terminou ameaçando baixar uma medida provisória (MP) estabelecendo margens para o preço final do produto ao consumidor.
Os técnicos esperavam um reajuste na bomba da ordem de 9% a 10%. Alguns postos passaram a majorar os preços em até 30%.
Só aí o governo se deu conta de seu poder regulador e de polícia. Ameaçou novo tabelamento e disse que poderia punir os postos que praticassem aumentos abusivos.
Mas por que se mexeu num assunto que tinha deixado de ser problema para a maioria dos brasileiros desde o Plano Real?
Ocorre que o governo resolveu ressuscitar o Proálcool e reajustou em 13,35% o preço pago aos produtores de cana e em 9,15% o pago aos produtores do álcool.
O reajuste busca ainda amenizar os problemas de caixa da Petrobrás, que compra álcool dos produtores a um preço mais elevado do que revende aos distribuidores.
Decidiu, então, colher o dinheiro para a fatura dos consumidores.
Não se pode acusar a equipe econômica de não buscar uma solução para a questão. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, avalia que a criação de novo imposto sobre combustíveis para manter o subsídio ao álcool pode ser a solução.
E reveste a hipótese de roupagem verde. Acha que o consumidor estaria pagando um "imposto ambiental e ecológico" para garantir um combustível menos poluente. Os usineiros concordam.

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