São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Prejuízo privado

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

A comunidade financeira internacional está inquieta com o desenvolvimento da crise bancária japonesa.
Os dois fatos mais recentes são a falência do Banco Taiheiyo e a abertura de auditoria judicial da filial americana do "Long-torm Credit Bank of Japan" por fraude contábil na operação com debêntures nos EUA.
Os brasileiros devem estar espantados que essas coisas ocorram no Japão. Mas também os japoneses só são muito honestos quando a polícia está por perto...
Este fato da vida aprendi em 1988 quando, ao terminar meu doutorado na Universidade de Cornell (EUA), vendi meu carro para uma estudante japonesa de 19 anos.
Em maio daquele ano, fiquei sabendo que a mocinha tinha acumulado mais de US$ 1.400 de multas de trânsito (US$ 600 em Cornell).
O carro foi a leilão, a japonesa voltou ao lar, e eu tive que pagar os US$ 600 ou não poderia retirar meu diploma!
Mas a falência do Taiheiyo traz lições úteis para o brasil. Esse banco era de propriedade de quatro outros grandes bancos (Sakura, Fuji, Tokai e Sanwa) e tinha acumulado ativos "podres" de US$ 1,6 bilhão (um quarto dos créditos concedidos pelo banco).
Diante disso, o ministro das finanças pediu uma solução. Os bancos acionistas optaram por liquidar o Taiheiyo, arcando com os prejuízos.
Talvez esta devesse ter sido a atitude das autoridades brasileiras no caso do Nacional. Mas decidiram "doar" recursos para salvar o banco.
Ante a gritaria, talvez se aprenda neste país que a regulamentação bancária deve ser aprimorada, casos de fraude devem ser punidos e eventuais prejuízos privados devem continuar sendo privados!

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