São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996 |
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Moeda 'micada' encalha nos cofres dos bancos
OSCAR PILAGALLO
As de menor valor costumam ser desprezadas. Se exigidas no troco, acabam, frequentemente, postas de lado. Quanto às maiores, são em geral preteridas por cédulas. É por isso que a circulação das moedas não reflete o volume de quase 4 bilhões de unidades que o Banco Central havia jogado no mercado até o início de abril. Se estivessem sendo todas usadas, essas moedas teriam poder de compra de R$ 643,4 milhões. É dinheiro suficiente para construir dez espigões de escritórios na avenida Paulista. Numa outra comparação, a quantia supera, com folga, o lucro de 95 do maior banco privado do país, o Bradesco. Dinheiro parado O fato, no entanto, é que boa parte dessas moedas nada compra porque está em qualquer lugar que não seja o bolso ou o porta-níquel do consumidor. Só nos cofres dos bancos, há cerca de R$ 250 milhões em moedas sem destino, rejeitadas tanto pelo Banco Central como pelo público. A estimativa, baseada em pesquisa junto a uma dúzia de bancos de varejo em todo o país, é da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). "O problema é que esse dinheiro fica parado lá, esterilizado", diz Jorge Higashino, diretor da área de serviços bancários da Febraban. Higashino diz que o setor reivindica a inclusão do valor dessas moedas no depósito compulsório que os bancos fazem no BC. O depósito compulsório é um mecanismo para controlar a quantidade de dinheiro em circulação. Ele é equivalente a 83% dos depósitos à vista e fica congelado no cofre do BC, sem render juros. O que os bancos querem é incluir no recolhimento o valor das moedas estocadas. O argumento é que, por não circularem, elas não interferem na liquidez da economia. "Trata-se de um enxugamento extra", afirma Robson José Crocco, gerente de processos de retaguarda de agências do BCN. O impacto sobre a política monetária, no entanto, não chega a ser relevante quando se compara o volume de moedas micadas ao total dos depósitos à vista (R$ 15 bilhões, na média de dezembro). Uso restrito O excesso de moedas na praça tem duas explicações possíveis que não se excluem: tanto a oferta pode ter sido muito elevada como a demanda estaria baixa. "Adequar as duas pontas é um processo de tentativa e erro", diz Raul Velloso, especialista em contas públicas. Ele acha que pode ter havido emissão exagerada, até para compensar a escassez inicial. Em países de inflação baixa, moedas costumam ser usadas também como fichas para telefonar ou para máquinas. Texto Anterior: Empresas distribuem mais lucros para os acionistas Próximo Texto: Toneladas de metal afetam balanço e estrutura de prédio Índice |
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