São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Poupança perde R$ 1,87 bi e fundos ganham R$ 7,9 bi

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Em apenas três meses deste ano, os saques superaram os depósitos nas cadernetas de poupança -incluindo a rural- em R$ 1,87 bilhão, conforme dados apurados pelo Banco Central até 27 de março.
O vaivém do dinheiro, entretanto, mostra resultado completamente inverso entre os FIFs (Fundos de Investimento Financeiro).
FIF 60 atrai
Ainda há grande concentração de recursos nos fundos de curto prazo, que permitem saque a qualquer momento sem perda de juros. Mas, aos poucos, os de 60 dias vão ganhando espaço.
"Não se muda em 15 dias um quadro de 15 anos", afirma Eduardo Santalúcia, gerente de investimentos do Sudameris.
Nos três primeiros meses de 96, a maior captação líquida positiva (depósitos maiores do que os saques) foi a dos fundos de curto prazo: R$ 3,71 bilhões.
Nesse resultado, nota Luís Eduardo Assis, diretor de investimentos do Citibank, há a influência de janeiro, quando o sistema recebe de volta muita moeda manual mais sacada em final de ano.
Ele confirma que os fundos de 60 dias estão atraindo mais os investidores, mesmo porque o custo da liquidez diária, ao contrário do que acontecia no passado, é hoje muito alto devido ao compulsório não-remunerado de 40%.
Os FIFs de 30 dias, com compulsório de 5%, ganharam R$ 951,1 milhões no mesmo período, entre entradas e saídas.
Efeitos da nova TR
Para as perdas da poupança, são dadas pelo menos duas explicações: 1) o rendimento vem sendo menor do que o das demais aplicações; e 2) o dinheiro é sacado para reforçar o orçamento doméstico ou fazer frente ao desemprego.
O problema da rentabilidade foi atacado pelo BC, mas a solução só terá efeitos a partir de julho, e, mesmo assim, positivos para o poupador se os juros caírem no mesmo ritmo do redutor da TR.
Se a queda for parecida (0,05 ponto por mês), a poupança ganhará competitividade, conforme mostra o gráfico ao lado.
Se o juro cair um pouco mais rápido (0,15 ponto) do que o redutor (0,05), a relação da poupança com os CDBs e outras aplicações se mantém relativamente equilibrada, com leve perda para a caderneta. Mas, se o juro do CDB baixar 0,20 ponto por mês, a poupança volta a perder competitividade.

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