São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996 |
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Milagre grego derruba o supercampeão Ajax
ALBERTO HELENA JR.
E não deu outra nessa quarta-feira mágica: o Ajax, campeão do mundo, uma das maravilhas do futebol moderno, caiu diante dos operosos gregos do Panathinaikos, em pleno estádio Olímpico de Amsterdã. Os holandeses fizeram com os gregos o que os homéricos antepassados destes fizeram com os troianos: um cerco atroz e prolongado, com desfecho inusitado -aos 42min do segundo tempo, um único contragolpe feriu o Ajax de morte. Um a zero para o Panathinaikos, que os gregos celebraram em Atenas como a conquista de Tróia. Por aqui, eram os pacíficos mineiros que estavam em pé de guerra. Na verdade, não era nem com o pé que eles se preocupavam, mas com o braço prometido de Juca Kfouri (não ficou claro, no episódio, se o direito ou o esquerdo -torcedor é mesmo literal, nunca literário). Mas foi o pé do meia atleticano Fábio Augusto, na cabeça de Amaral, que ensandeceu de vez os torcedores do Galo. Foi uma belíssima bicicleta, gol antológico, que o juiz preferiu anular, como jogo perigoso. Perigoso? Isso, porque ele não estudou nem os gregos nem a história dos nossos craques. Se o fizesse saberia que Leônidas da Silva, o inventor da bicicleta (os mais antigos juram que, antes dele, Petronilho de Britto, irmão de Waldemar, o descobridor de Pelé, já usava tal veículo para marcar seus gols), mais do que ver a bola nas redes adversárias, gostava de aplicar tal recurso para acertar em cheio a cabeça dos beques que lhe enchiam de porrada o tempo todo. Que o diga, psicograficamente, claro, o becão Ditão, do Juventus, pai dos Ditões que jogaram no Corinthians e no Flamengo. * E o Corinthians? Entra como Pilatos nessa história toda, pois arrrancou um empate heróico diante do Botafogo no Maracanã, para, na Sexta-feira da Paixão, humilhar-se diante do Remo, em Sorocaba, em novo empate -uma mão lava a outra. Só que nesse dia santo quem acabou crucificado foi mesmo Edmundo, que perdeu três gols feitos (um, de pênalti) e o que conseguiu enviar às redes foi anulado. E o calvário corintiano segue hoje, diante do Botafogo de Ribeirão. Quem aguenta? Só por milagre, mesmo. Texto Anterior: Policiais farão 'exercício de guerra' em Atlanta neste mês Próximo Texto: Fracasso holandês Índice |
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