São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996 |
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A nova colonização genética
LAYMERT GARCIA DOS SANTOS
Trata-se de uma figura que não ignora a inutilidade da violência, mas encontra-se próxima de uma máquina de guerra a ser reinventada, máquina de resposta ativa e revolucionária; uma figura trans-histórica, dizem eles, citando, que "não volta atrás para reconquistar o mito, mas encontra-o de novo, quando o tempo treme até as bases sob o império do perigo extremo". Guerreira nômade, Vandana corre mundo para enunciar os grandes conflitos que estão se armando em torno do acesso e da apropriação dos recursos genéticos necessários à próxima revolução tecnológica. Por ser cientista e ambientalista, ela sabe que a linguagem aparentemente neutra e desengajada dos diplomatas e dos especialistas nas negociações internacionais prepara uma investida sobre a fonte mesma da vida e o assalto às formas tradicionais de conhecimento, até então desprezadas pela ciência e a tecnologia modernas. As delegações oficiais dos países do Primeiro Mundo e as ONGs do Norte e do Sul conhecem bem essa pequena indiana de sari, cujo espírito agudo desconstrói as soluções "técnicas" e articula-as com a destruição da bio e da sociodiversidades. Mas o ativismo de Vandana não se restringe à sua atuação internacional -envolvida com as questões comunitárias, comprometida com a defesa dos direitos de populações tradicionais, ela é figura-chave do Seed Satyagraha, movimento de agricultores indianos que em outubro de 93 reuniu 500 mil manifestantes em Bangalore para protestar contra o patenteamento de sementes e a entrada das transnacionais na agricultura indiana. Agora, sua passagem pela América Latina (Chile, Brasil, Colômbia) deve-se à percepção de que as regiões amazônica e andina, grandes reservatórios de patrimônio genético, encontram-se sob enorme pressão externa para adotarem o regime de proteção intelectual do conhecimento e liberarem o acesso aos recursos. Diretora da Fundação de Pesquisa Sobre Ciência, Tecnologia e Política de Recursos Naturais de Nova Déli (Índia), ela é autora de vários livros publicados em Déli, Londres, Tóquio, Penang. Entre eles, "Monocultures of the Mind: Biodiversity, Biotechnology and Agriculture" (Monoculturas da Mente: Biodiversidade, Biotecnologia e Agricultura) e "Ecology and the Politcs of Survival" (Ecologia e Políticas da Sobrevivência). Guerreira nômade, figura trans-histórica, Vandana Shiva, como não poderia deixar de ser, foi agraciada em 1993 com o Prêmio Nobel da Paz Alternativo. Texto Anterior: A genética em lua-de-mel Próximo Texto: A nova colonização genética Índice |
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