São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Franceses apóiam lei Pasqua

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

A ação antiimigração do governo Chirac é uma resposta aos anseios do eleitorado francês. "A direita está tentando recuperar o eleitorado da Frente Nacional", afirmou a secretária nacional do Partido Socialista para os problemas sociais, Adeline Hazan, à Folha.
Pesquisa publicada semana passada pelo jornal "Le Monde" mostra que as opiniões da Frente Nacional (FN), liderado pelo deputado de extrema-direita Jean-Marie Le Pen, ganhou terreno.
Segundo a pesquisa, 28% dos franceses estão de acordo com as idéias da FN. Um progresso de nove pontos percentuais desde janeiro de 1994. A maioria dos simpatizantes do partido são encontrados entre comerciantes, policiais, desempregados e militares.
"O endurecimento da lei Pasqua exprime a vontade de muitos franceses de limitar a imigração clandestina", disse à Folha o historiador Serge Klarsfeld.
Com razão, 33% dos franceses se dizem de acordo com a posição da FN com relação à imigração.
No entanto, 71% dos franceses ainda acreditam que Le Pen e seus seguidores significam um perigo para a democracia.
É confiando na taxa de rejeição às idéias xenófobas que a esquerda promete lutar contra o projeto, mesmo que não tenha tanto fôlego quanto gostaria. Na semana passada, um congresso reunindo os principais partidos da esquerda francesa reuniu 10 mil simpatizantes em Bercy -eram esperados 50% a mais. "As mudança propostas são medidas inaceitáveis que vão piorar ainda mais a condição de vida dos imigrantes", diz Hazan.
Alvo principal
O tentativa de endurecimento da Lei Pasqua, contudo, é o ponto culminante de uma política de restrição da imigração praticada pelo governo francês nos últimos anos, independente da coloração política de quem estiver ocupando no Eliseu (a residência presidencial). Nos últimos sete anos, a concessão de vistos baixou 68%.
Os países da África Negra e da África do Norte, no Magreb (Argélia, Marrocos e Tunísia), são o alvo principal das novas medida.
Esses países respondem pela metade do fluxo migratório nos últimos anos na França.
Em 1994, por exemplo, 28.473 africanos receberam a "carte de séjour" -49,2% dos imigrantes que receberam permissão de estada no país.

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