São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Menos trabalho, mais emprego

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Em meio às controvérsias sobre as causas do desemprego e, por extensão, a maneira de combatê-lo, a tese que mais vai abrindo caminho é a da redução da jornada de trabalho.
Já há até uma associação na França ("Novo Equilíbrio") cujo único objetivo é exatamente o de defender a implantação de uma semana de trabalho de quatro dias ou 32 horas.
Antes do recente "G-7 Emprego", reunião especial do clube dos sete mais ricos do mundo sobre o assunto, o presidente da associação, Pierre Larrouturou, contou que uma empresa (a Brioches Pasquier) aumentou seu quadro de 1.000 para 1.220 empregados, sendo 130 dos novos funcionários contratados para uma semana de quatro dias.
Logo em seguida, o primeiro-ministro francês, Alain Juppé, recebeu o líder da oposição socialista, Michel Rocard, para conversar sobre a proposta do PS de redução da jornada de trabalho.
A mídia francesa comenta que Juppé estaria disposto a adotá-la, apesar de ser proposta original de um adversário político.
O problema é a reação do empresariado.
Reduzir a jornada de trabalho não significa que as empresas também vão funcionar apenas quatro dias por semana, como é óbvio. Implica, portanto, contratar mais gente para cobrir os demais dias.
Em Lille (Norte da França), um pequeno banco deu o exemplo: propôs semana de quatro dias, com 36 horas trabalhadas.
Seu presidente admite que haverá um aumento de custos com mão-de-obra, que orçou em 13%.
Mas acha que o aumento de produtividade decorrente do sistema compensará, com folga, o custo adicional.
Quero ver quando a difusão da tese se ampliar no Brasil.

Texto Anterior: A VACA LOUCA
Próximo Texto: O Brasil da Benetton
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.