São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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O Brasil da Benetton

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Fernando Henrique Cardoso bem que tem se esforçado. Mas a imagem do Brasil no exterior ainda é uma piada.
É o que se entende nos pequenos exemplos, como a revista da equipe de Fórmula 1 Benetton coletada pelo jornalista Humberto Saccomandi.
Distribuído para jornalistas estrangeiros e centenas de outros participantes do GP Brasil de F-1, domingo passado, o livrete é uma obra de observações polêmicas sobre o país.
Particularmente atingida é a cidade dirigida por Paulo Maluf. Justamente Maluf, que tanto quis agradar os organizadores do GP em São Paulo.
Vale a pena reler o que a Benetton publicou para explicar como as coisas funcionam por aqui:
"(São Paulo) encabeça a lista para ser o cenário da filmagem do 'Inferno' de Dante" e "você está arriscado a ver um cadáver humano na rua com a mesma frequência com que vê um cachorro morto".
Em seguida, a conclusão sobre os perigos da cidade: "Tem alguma coisa de infecciosa nesse lugar".
Na hora de comer, a Benetton é bem-humorada. Recomenda as churrascarias. E explica: "Se tiver um sistema cardiovascular e viver sobre a terra, você vai receber um pedaço em seu prato".
Mas, atenção: "Evite comer qualquer coisa que não esteja cozida ao ponto que ficou Joana D'Arc no dia seguinte". E, é claro, nunca tome seus drinques com pedras de gelo.
Desde que o turista tome cuidado e "não acabe na Amazônia", a Benetton desaconselha vacinas antes de vir a São Paulo. Mesmo porque, a "poluição já matou a maioria dos mosquitos".
O livrinho da Benetton serve para os GPs de F-1 do Brasil e da Argentina. No final de suas observações sobre o Brasil, a publicação oferece um sinal de alívio para os seus leitores:
"Se você sobreviver a São Paulo, a Argentina e Buenos Aires, sua capital, serão uma brisa de ar fresco -em todos os sentidos da palavra".
É isso aí.

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