São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 1996
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Covas está prestes a desistir do Banespa

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), ameaça desistir da operação de socorro ao Banespa. Insatisfeito com o rumo das negociações, Covas disse a cinco senadores que não assinará o acordo caso o considere insuficiente.
"Que se liquide o banco. É preferível um fim com horror do que um horror sem fim", disse ontem o senador Pedro Piva (PSDB-SP), considerado o representante de Covas na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.
Segundo Piva, Covas vai esperar só mais alguns dias pelo fechamento do acordo. Caso isso não ocorra, Covas dirá pessoalmente ao presidente Fernando Henrique Cardoso "que não quer mais" o acordo. O banco está sob intervenção do Banco Central há 15 meses.
Para socorrer o banco, os governos federal e de São Paulo negociaram uma injeção de R$ 15 bilhões no Banespa (R$ 7,5 bilhões do Tesouro e R$ 7,5 bilhões de recursos com privatização de estatais paulistas e transferência de três aeroportos do Estado para a União).
O acordo depende do aval do Senado. O presidente da CAE, Gilberto Miranda (PMDB-AM), disse não ter pressa e até hoje não designou relator para o caso.
Um dos problemas é que a dívida continua crescendo. O rombo já é de R$ 17 bilhões -R$ 2 bilhões a mais do que o assumido no acordo. "Se eu fosse o Covas, lavava as mãos e largava o problema para o governo federal", desabafou Piva.
A Folha apurou que Covas considera a equipe econômica responsável pelo fato de o acordo não ter sido fechado até hoje. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, decidiu entrar no assunto e discute hoje o problema com o senador Miranda.
O senador Osmar Dias (sem partido-PR) entrou ontem com um requerimento para quebrar o sigilo bancário do Banespa. Segundo ele, a diretoria se recusa a fornecer a lista dos principais devedores.
Números
A situação do Banespa é pior do que se pensava e pode ir além do rombo de R$ 17 bilhões, segundo números obtidos por senadores junto à diretoria do banco.
O Banespa tem R$ 4,5 bilhões para receber da iniciativa privada, mas a diretoria da instituição acredita que irá conseguir de volta somente de 2% a 4% desse total.

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