São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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Prefeito, ano 2000

PAULO PLANET BUARQUE

Em outubro próximo os que aqui nasceram e vivem estarão voltando às urnas (o segundo turno, se houver, será em novembro) para escolher quem sucederá Paulo Maluf.
Não será, contudo, tão somente selecionar democraticamente a quem caberá administrar a quinta cidade do mundo em termos populacionais, o terceiro orçamento da República, 25% das receitas da nação, em que pese ocuparmos apenas 0,1% do território da República; cidade que em 1872 tinha 31.385 habitantes, em 1900, 239.820, em 1940, 1.326.261 e em 1960, 3.666.701 e já em 1994 quase dez milhões, aqui compreendidos mais mulheres que homens (quase trezentas mil a mais) dos quais morrem anualmente quase 70.000! Burgo onde, segundo o mesmo censo, há 64,2% de assalariados, 18,8% trabalhadores autônomos, 6,4% empregadores e 7,4% empregados domésticos, distribuindo-se 3,2% em outras atividades.
Será, não nos esqueçamos, a escolha do "prefeito ano 2000", pois o eleito, no próximo milênio ainda será o síndico dessa imensa massa de serviços públicos, que devem ser prestados à população que se comprime nos nossos 1.509 km2 (área interna e externa).
Seja quem for o ungido pela vontade soberana que se expressará pela apuração imediata, pois pela primeira vez na nossa história política a votação se processará pela via eletrônica (computadores), a salvo de fraudes de qualquer tipo, deverá esse prefeito se compenetrar que sua imensa tarefa compreenderá, além das obras que eventualmente faça, obviamente que concluindo as em andamento, notadamente às de cunho social (Cingapura, por exemplo), pensar grande numa projeção específica para esse segundo milênio.
As perspectivas indicam que seremos 25 milhões na década que se inicia no ano 2000 sendo, consequentemente, nossos problemas multiplicados por mil.
Significa dizer que São Paulo não poderá ser simplesmente administrada. Terá que se repensada, reestudada com profundidade, a começar pelo seu transporte de massa, cuja única solução, em que pese os dez milhões de veículos que teremos nas nossas ruas e avenidas, é o metropolitano, cujas linhas atualmente tem menos de 50 quilômetros.
O Metrô é um detalhe. Há o problema habitacional, o da saúde, da educação, áreas verdes, da segurança, do desemprego (que pode ser minimizado com obras públicas), das creches, enfim, dezenas, centenas de exigências, que projetadas para o futuro, sem esquecer o presente, mostram que essa escolha não é um problema político. É administrativo.

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