São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996
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Filho é suspeito da morte de criminalista

Versão inicial era de suicídio

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante A.F.T.S., 16, é o único acusado da morte do pai, o advogado criminalista José Francisco Silva, 68. Essa é conclusão do inquérito policial sobre o caso.
A mulher de Silva, a professora Lúcia Rocha da Silva, 59, é acusada no relatório final de dois crimes: omissão de socorro e fraude processual. O inquérito do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) foi concluído no último dia 12 e enviado à Justiça.
O advogado de A.F.T.S., José Carlos Dias, 56, disse que a conclusão do delegado é subjetiva. Ele negou que Lúcia tenha cometido qualquer crime.
Segundo o relatório do delegado Osmar Ribeiro Santos, 36, Lúcia não se preocupou em socorrer o marido baleado e adulterou o local do crime para "encenar" um suicídio, versão inicial da família para a morte do advogado.
O crime aconteceu no dia 22 de julho de 1995, na rua Pires da Mota, na Aclimação (região central de São Paulo). Quatro dias depois, o estudante confessou, ao depor à polícia, ter matado o pai.
A.F.T.S. disse que o pai estava muito doente, com crises de tosse e de sufocação, e que resolveu matá-lo para aliviar-lhe a dor. A mãe disse, ao depor, que após ouvir o primeiro disparo, desmaiou.
Segundo o depoimento de Lúcia, o filho teria contado que o pai havia se suicidado. "É ingenuidade crer que ela não participou da encenação (do suicídio). O desmaio serve apenas para Lúcia não dar explicações", diz o relatório.
O advogado Dias disse que a mãe do estudante desmaiou após os disparos e que acreditou no que o filho disse em seguida: que o pai havia se suicidado.
O documento da polícia diz ainda que, ao ver o marido ferido, Lúcia chamou um cunhado (o policial Carlos Domingues) em vez de ambulância. "Buscou ajuda para ela e para o filho e não para a vítima, que ali agonizou até a morte."
Dias disse que a família tentou socorrer o advogado José Francisco Silva e que ninguém fraudou o local do crime. "Um PM retirou uma arma do local e levou até a delegacia, daí essa confusão."
O relatório diz também que nenhuma testemunha viu o estudante angustiado por causa do pai. O delegado preferiu não indiciar (acusar formalmente) a mãe.

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