São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996
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Meninas de rua debatem prostituição no SBT

ADRIANO CATOZZI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A prostituição infantil nas grandes cidades é o tema do "Programa Livre" de hoje, que vai ao ar às 17h20 no SBT. Duas garotas de 12 anos que se prostituem no centro de São Paulo são as principais convidadas do dia.
Elas contam como se iniciaram na prostituição e como é o seu dia-a-dia. Ao lado delas estarão o jornalista Gilberto Dimenstein, correspondente da Folha em Nova York, e uma ex-prostituta infantil, que hoje comanda um trabalho assistencial com crianças de rua em Recife.
Dimenstein é autor do livro "Meninas da Noite", em que denuncia a exploração do sexo com crianças como uma atividade comum na região Norte do país.
O depoimento das garotas confirma a tese que mais se ouve entre as crianças de rua: elas saem de casa por problemas com os pais.
Inicialmente não há a determinação de se prostituirem. Mas logo elas têm de optar por uma das alternativas que possibilitam a sua sobrevivência na rua. Roubo e tráfico são algumas das opções. Para as meninas, a prostituição costuma ser a mais viável.
Tabela de preços
Indagadas pela platéia adolescente do "Programa Livre", as garotas contam que atuam nos hotéis do centro e que existe uma tabela de preços para o "serviço": sexo oral custa R$ 3,00 e o "completo" R$ 10,00.
Para ir ao ar, o programa de hoje passou por análise do Juizado de Menores. A aprovação ocorreu na tarde de sexta-feira. O objetivo era que não fosse infringido o Estatuto do Menor e do Adolescente. Por causa disso, as garotas aparecem de costas e com nome fictício no vídeo, para terem sua identidade preservada.
"São cuidados que tomamos para obedecer ao Estatuto, visando preservar a identidade das garotas", explicou o apresentador e diretor do programa, Serginho Groisman.
Segundo ele, não houve intenção de veto ou censura na análise do programa pela Justiça.
O "Programa Livre" costuma ser ao vivo, mas o debate sobre prostituição infantil foi gravado no final do mês passado. Segundo o SBT, isso ocorre com o programa das terças-feiras porque o estúdio é usado para a gravação de outra produção nesses dias.
Pela lei, todo programa gravado que envolva adolescentes deve ser analisado pelo Juizado de Menores. "Mesmo quando trazemos crianças artistas ao programa providenciamos o alvará de participação. Não tem nada a ver com o tema do programa", diz Groisman.

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