São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Noal é condenado a um ano de prisão

ANDRÉ LOZANO
MARCELO GODOY

ANDRÉ LOZANO; MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O banqueiro do jogo do bicho Ivo Noal foi condenado anteontem a um ano de prisão sob acusação de explorar jogo ilegal. Noal terá de cumprir a pena preso e estava foragido até as 20h de ontem.
A sentença do juiz Tércio Pires, auxiliar da 14ª Vara Criminal, foi dada no processo que analisava a contabilidade do bicheiro, apreendida pela polícia em 1995.
Essa é a primeira condenação de Noal nos últimos 25 anos. A defesa poderá recorrer da decisão ao Tribunal de Alçada Criminal.
Também foram condenados pela Justiça: Luis Noal Neto, filho do banqueiro e administrador da holding do pai, e a cambista Renita Aparecida Calisari.
Noal Neto recebeu uma pena de nove meses de prisão. Ele poderá cumpri-la em liberdade, mas prestará serviços à comunidade por um ano. Renita, condenada a seis meses, também não será presa.
Perseguição
A sentença contra Noal ficou em segredo por 24 horas. Nela, o juiz também pediu que a Polícia Federal investigue remessas de dinheiro do bicheiro para Brasília (DF).
As remessas teriam sido feitas em 1995. Noal disse, ao depor na 14ª Vara Criminal, que não tem nenhum negócio em Brasília.
Desde anteontem, a Polícia Civil de São Paulo está atrás do bicheiro. O mandado de prisão contra Noal foi entregue pela Justiça à Corregedoria da Polícia Civil (órgão responsável pela investigação que condenou o bicheiro).
Policiais foram deslocados para as propriedades do bicheiro na cidade de São Paulo, no litoral e no interior do Estado. Até as 20h de ontem, a polícia não tinha pistas sobre seu esconderijo.
Multa
Noal também foi condenado a pagar uma multa de cem salários mínimos. Na sentença, o juiz afirma que o bicheiro "brinca" com a Justiça, que ele tem "péssimos antecedentes, revelando uma personalidade defeituosa, voltada a graves envolvimentos infracionais".
O juiz deverá decidir ainda este ano se Noal perderá ou não os seus bens. Eles foram sequestrados pela Justiça no mesmo processo que resultou na condenação do bicheiro.
O sequestro é uma medida judicial que proíbe ao proprietário a venda ou a troca de seus bens. Eles serão confiscados caso fique provado que têm origem ilícita.
A Folha procurou ontem Noal, por telefone, em seu escritório. Uma secretária disse que ele estava viajando desde sexta-feira.
Também foi procurado pela reportagem o advogado de Noal, Newton Azevedo, mas ele não foi encontrado.

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