São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Projeto dirá o que é "lavar" dinheiro

Anteprojeto de lei fica pronto em dez dias

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O ministro da Justiça, Nelson Jobim, informou ontem, em reunião com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que em dez dias apresentará anteprojeto sobre "lavagem" de dinheiro para discussão pública.
A "lavagem" será definida em lei, mas, em termos gerais, caracteriza-se pela realização de investimento (em uma empresa, por exemplo) para "legalizar" a situação de dinheiro de origem suspeita (como narcotráfico).
Jobim disse que não há uma legislação específica a respeito. O anteprojeto deverá definir o que é "lavagem" de dinheiro e as penas cabíveis. "É uma legislação complexa e difícil", disse.
A estabilização de preços permite uma fiscalização mais fácil, mas, em compensação, a falta de legislação cria condições para a lavagem. Antes, inflação de 40% ao mês encobria essas operações. O ministro Jobim disse também que não havia espaço para se "lavar" dinheiro de investimentos externos quando o dinheiro era consumido pela inflação.
Cade
O presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, criticou, na presença do ministro, os poderes atribuídos ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que, para o presidente da Fiesp, "são exagerados".
Segundo Moreira Ferreira, o Cade "deixa o empresário à mercê de uma estrutura burocrática lenta e de decisões nem sempre orientadas por critérios técnicos".
O Cade tem, entre suas atribuições, analisar e aprovar fusões e aquisições de empresas, para evitar que uma determinada companhia possa controlar mercados e dite os preços num setor por falta de concorrência.
Para Moreira Ferreira, deve-se estudar o aparelhamento mais adequado do Cade, para que seu ritmo não atrapalhe as decisões da iniciativa privada.
O ministro disse que não recebia as afirmações do representante da indústria como crítica. Concordou ser necessário ajustar o Cade à modernização da economia brasileira.
O economista Gesner de Oliveira, presidente indicado para o Cade, disse que o órgão é necessário para compatibilizar objetivos gerais de política econômica e participar de regulações internacionais tipo Mercosul.
Para ele, o Cade não deve ser um órgão apenas decorativo e precisa mesmo ganhar melhor estrutura técnica.

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