São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996 |
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Sociólogo inglês defende globalização humanista Roland Robertson estará na USP e na PUC hoje ELVIS CESAR BONASSA
Professor da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, Robertson combate a visão economicista da globalização, que restringiria, segundo ele, o seu verdadeiro alcance. O sociólogo esteve na semana passada no Rio de Janeiro, participando de um seminário sobre o tema. Hoje, ele fala às 9h30 no Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP) e às 20h na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). O argumento básico de Robertson: a globalização contém elementos culturais e sociais que a economia não dá conta de explicar e tende a subestimar. Pensar apenas em termos de movimentação de capitais internacionais e abertura de mercados significa sucumbir a uma visão estreita, ideologizada, da globalização. Direitização Um desses elementos não-econômicos é o choque entre culturas distantes -temporal e/ou geograficamente-, que se torna possível com a malha de comunicações, desde rádio e TV até a rede mundial de computadores Internet. Sem isso, o fenômeno da globalização, nos moldes economicistas, pode gerar a perda de referenciais e acentuar posturas de defesa que acabam por reforçar, por exemplo, o nacionalismo. É um risco batizado por Robertson de "direitização globalizada." Por essa razão, para Robertson, a discussão não é meramente teórica, mas também política. As características da globalização serão definidas, nos próximos anos, com base no conflito entre as posições divergentes: pura homogeinização econômica ou defesa dos aspectos sociais e culturais. "A economia tenta impor os moldes de globalização. O que Robertson quer incluir na discussão é a condição humana", afirma o professor João R. Barroso, da Universidade de Santo Amaro. Estudioso da obra de Robertson, Barroso é o organizador da vinda do sociólogo inglês a São Paulo. Ele diz que é possível que ainda neste ano saia no Brasil a tradução da principal obra de Robertson "Globalização: Teoria Social e Cultura Global". Internacionalização Barroso observa que as análises de Robertson tentam evitar a identificação entre globalização e simples internacionalização. Segundo ele, inserir o país no cenário mundial, em busca de uma situação econômica mais favorável, é uma proposta internacionalizadora -exatamente a tônica do discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso- que restringe o alcance da globalização. Onde: IEA-USP (rua prof. Luciano Gualberto, travessa J, 374, Cidade Universitária, tel. 011/818-3919) e PUC-SP (rua Monte Alegre, 1.024) Quando: hoje, às 9h30 no IEA e às 20h na PUC-SP Texto Anterior: Índios ensinam asseio pessoal Próximo Texto: Dianne Schuur canta jazz e gospel em SP Índice |
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