São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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O MUNDO DE HANS-THOMAS

JOSTEIN GAARDER

'Mamãe quis sair pelo mundo para se encontrar. Meu pai e eu podíamos até entender que a mãe de um garoto de quatro anos se sinta perdida algum dia. E demos a ela todo o nosso apoio nesse projeto de se encontrar. Só que eu nunca consegui entender por que ela não pôde fazer isso dentro de sua casa mesmo, em Arendal, ou então porque não se contentou com uma viagem até Kristiansand. Meu conselho para todos os que querem se encontrar é continuarem bem onde estão. Do contrário, é grande o risco de se perderem para sempre.
Já fazia tanto tempo que mamãe tinha ido embora que eu já nem me lembrava muito bem como ela era. Só sabia que era muito mais bonita que do que todas as outras mulheres. Pelo menos era o que dizia meu pai. Ele também dizia que quanto mais bonita uma mulher, tanto mais difícil era para ela se encontrar.
Desde que mamãe desaparecera, eu a procurava por toda a parte. Toda vez que passava pela praça do mercado de Arendal achava que de repente ela ia aparecer bem na minha frente; e quando visitava minha avó em Oslo, meus olhos não se cansavam de procurá-la. Mas nunca a encontrei. Só a revi quando meu pai trouxe para casa aquela revista de moda."

Trecho do livro "O Dia do Curinga", de Jostein Gaarder, Editora Companhia das Letras. Tradução de João Azenha Jr; R$ 24,50).

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