São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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A VACINA

São plenamente justificáveis os temores do Ministério da Saúde de que o incidente na imunização contra meningite em Campinas leve a população a reduzir sua participação na campanha de multivacinação prevista para junho. O plano é imunizar 20 milhões de crianças contra a poliomielite e 5 milhões contra outras doenças como difteria, sarampo, tuberculose e coqueluche.
Se, em meio ao caos em que se encontra a saúde pública brasileira, existem iniciativas positivas e que apresentam resultados expressivos, uma delas é justamente a das campanhas de multivacinação. Nos anos 70, o Brasil registrava 2.300 casos de pólio por ano. Na década de 80, Albert Sabin convenceu as autoridades sanitárias a dar início às vacinações maciças, e, desde 90, o Brasil não registra mais nenhum caso dessa doença. Em 1994, a OMS concedeu ao país o certificado de erradicação da poliomielite. Também já desapareceu de todo o mundo, graças às vacinações, a varíola. O sarampo, em que pese ainda alguns casos fatais, vem sendo muito bem controlado no Brasil.
Um eventual fracasso da próxima campanha de multivacinação poderia pôr a perder todo esse fantástico esforço que já dura anos e apresenta excelentes resultados.
Assim, o incidente registrado com o lote de vacinas contra a meningite meningocócica tipo C tem de ser plenamente investigado. Especialistas são praticamente unânimes ao afirmar que houve uma falha no controle de qualidade da vacina. Os responsáveis devem ser punidos, e o laboratório, se preciso, descredenciado.
O governo precisa agir com todo o rigor, dando seguimento urgente às medidas já adotadas como enviar amostras do lote para análise do FDA americano e do Mérieux francês, além do Adolfo Lutz de São Paulo, para restabelecer a confiança da população nas vacinas. A última coisa de que este país já tão doente precisa é uma nova revolta da vacina.

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