São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Nem trator nem perdedor

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O ministro Sérgio Motta (Comunicações) pode ser tido como "um trator" no seu modo de atuar, mas nada garante que essa qualificação valha para sua eventual candidatura à prefeitura paulistana.
Em matéria eleitoral, Motta é um perdedor nítido. Como coordenador de campanhas, perdeu com Fernando Henrique Cardoso (Prefeitura de São Paulo, 1985), com José Serra (idem, 1988) e com Mário Covas (Presidência, em 89, e governo do Estado, no ano seguinte).
Ganhou, claro, com FHC, na campanha presidencial de 1994. Mas, convenhamos, a cavaleiro do Plano Real até eu seria capaz de emplacar meu candidato, fosse qual fosse.
Esse retrospecto não significa, no entanto, que Motta esteja condenado a um fracasso se de fato se animar a enfrentar a disputa eleitoral paulistana deste ano.
Primeiro porque, do ponto de vista pessoal, Motta não precisa ganhar. Precisa de um banho de urna e de um resultado decoroso, o que significa passar para o segundo turno. Está longe de ser missão impossível.
Meu palpite é o de que Francisco Rossi (PDT) é um cometa eleitoral. Subiu, em 94, porque os adversários de Covas eram, todos, muito fracos eleitoralmente.
Como o eleitorado paulista não tem um campeão de votos capaz de pulverizar seus adversários, alguém teria que crescer e destacar-se do lote de "outros". Foi Rossi, pelas circunstâncias de campanha.
Suspeito que tais circunstâncias não se repetirão agora. Se esse palpite estiver certo, resta uma única candidatura forte, no cenário até aqui desenhado (a de Luiza Erundina, do PT).
Como nem ela acredita que possa vencer no primeiro turno, Motta teria amplas chances de ser o seu adversário no turno final, mesmo que não venha a ser o "tratoraço" que muita gente imagina.

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