São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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O começo do fim

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Um irado Esperidião Amin acenou ontem com um rompimento do seu partido, o PPB, com o governo.
"Há um conflito insuperável entre o governo e o PPB", disse Amin. "As relações estão envenenadas."
Pode ser um blefe. É claro. Mas há mais evidências para acreditar que começou a ficar claro o início do fim da aliança costurada por Fernando Henrique Cardoso.
Era natural que uma aliança tão heterogênea não durasse muito mesmo. No caso do PPB, os 87 deputados federais do partido farão muita falta a FHC se ainda houver desejo de reformar a Constituição do país.
É simples a razão do azedamento das relações entre o PPB e o governo. O PSDB quer ficar no governo para sempre. Ou, pelo menos, até 2002. O PPB é contra. É isso.
O principal líder do PPB é Paulo Maluf, prefeito de São Paulo. Maluf sente-se enganado por FHC. Mais recentemente, incluiu o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, entre os que considera embusteiros do Palácio do Planalto.
Maluf acreditou que lhe dariam a reeleição em São Paulo. Isso é impossível. O Palácio do Planalto contou 130 potenciais candidatos a prefeito dentro da Câmara. Todos votariam contra a reeleição.
O azedamento de Esperidião Amin revela que FHC cometeu um erro tático. O tucano está em dúvida há cinco meses sobre qual seria o melhor ministério para o PPB. Dentro do Palácio do Planalto, a informação é sempre a mesma: o presidente está escolhendo o ministério para o PPB.
Enquanto os tucanos continuam a usar o verbo escolher no gerúndio, o PPB foi se irritando. Ontem, surgiu o primeiro sinal de animosidade no ar.
Parece que o Planalto está concluindo que foi uma idéia esdrúxula e fora de hora a reeleição em todos os níveis neste ano. Ficou com o pior dos mundos: sem reeleição, sem perspectiva de aprovação no futuro e, agora, talvez sem o PPB.

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