São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Brasil é campeão de impunidade na AL'

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ

A pesquisadora inglesa Alison Sutton, 36, representante da Anistia Internacional para a América Latina, disse que a entidade vai acompanhar detalhadamente as investigações sobre a morte dos sem-terra em Eldorado de Carajás para evitar a impunidade dos responsáveis sobre o crime.
Ela chegou anteontem ao Rio de Janeiro, para acompanhar o julgamento do caso da chacina da Candelária, e viajou à noite para o Pará, depois de saber do conflito.
Em entrevista à Agência Folha, Sutton afirmou que a impunidade no Brasil tem o nível mais alto da América Latina.
A pesquisadora afirmou que os dados colhidos por ela sobre o conflito serão divulgados a todos os membros da Anistia Internacional no mundo, que são hoje mais de 1 milhão em cerca de 150 países.
*
Agência Folha - Qual exatamente a intenção de sua vinda a Marabá?
Sutton - Nós vamos acompanhar os fatos de perto para evitar que aconteça o que ocorreu em Corumbiara, onde nós havíamos alertado logo no início para que fosse feita uma investigação federal, de forma independente. Isso não foi feito rapidamente e várias provas se perderam no caminho.
Agência Folha - Que repercussão para o Brasil um conflito como esse pode ter no exterior?
Sutton - Foi uma coisa muito forte. Evidentemente, cada tragédia tem sua própria repercussão, mas esse fato é extremamente grave e já teve repercussão internacional intensa.
É muito triste que o Brasil tenha essa repetição de massacres dessa maneira.
Agência Folha - Em que posição o Brasil está no "ranking" de violência contra os direitos humanos da Anistia Internacional?
Sutton - Nós não fazemos comparações de índices de violência entre os países, mas o que preocupa é a impunidade na América Latina, que acontece em níveis muito altos, e que é muito elevada no Brasil.
Cada vez que acontecem casos desse tipo no Brasil, fala-se que dessa vez vai ser resolvido, que isso tem de acabar, mas no decorrer do tempo as coisas acabam sendo esquecidas.

Texto Anterior: Protesto vira quebra-quebra em Belém
Próximo Texto: Advogado responsabiliza União
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.