São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996
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CRIME "HITECH"

Pilantra, ladrão, amigo do alheio, gatuno, larápio, meliante, vigarista, punguista, ladravaz, bandido.
Essas são apenas algumas das várias dezenas de palavras ou expressões usadas para designar aqueles que, por diferentes meios, tentam se apropriar do que não lhes pertence ou enganar alguém. A profusão de termos revela tanto a dimensão como a antiguidade do problema.
Na revolução tecnológica deste final de século, os criminosos não poderiam ficar para trás. Como esta Folha revelou em diversas reportagens ao longo desta semana, o crime, como qualquer outra atividade, está se modernizando e cada vez mais fazendo uso dos avanços tecnológicos.
Fraudes com telefones celulares vêm levando ex-proprietários de linhas a pagar contas astronômicas que incluem telefonemas para o exterior que podem até mesmo estar ligados à lavagem de dinheiro.
As réplicas piratas de objetos de griffe -como canetas Montblanc e relógios Rolex- são tão sofisticadas que é quase impossível diferenciá-las dos originais, com grandes prejuízos para os detentores da marca.
O próprio narcotráfico já presta seus "serviços" por meio da Internet, a rede mundial de computadores. Em Nova York, basta enviar um e-mail a um "fornecedor" para receber a encomenda em casa. Ainda no campo das drogas, uma constatação perturbadora: a ciência as está tornando cada vez mais fortes e com maior poder de viciar.
Se os avanços tecnológicos tornam cada vez mais fácil a vida das pessoas, há um outro lado da moeda, porque às vezes facilitam ainda mais o crime. É o preço a pagar pelo progresso; afinal, desde que o homem é homem, para cada cadeado inventado, um milhafre qualquer descobriu um novo pé-de-cabra capaz de arrebentá-lo.

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