São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996
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Factóides

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Postos de gasolina não são a instituição mais adorável do país. Só que o governo FHC exagera ao transformar os postos na nova besta-fera da economia.
A equipe econômica tem crucificado postos de gasolina que não colocam grandes cartazes informando os seus preços. Multa pesado os infratores. É uma medida tão simpática quanto burra e inócua.
Por que obrigar postos a informar o preço dos combustíveis em cartazes na entrada? Isso acontece naturalmente numa economia de mercado. Nos EUA, por exemplo. Se não ocorre por aqui, compelir postos a fazer cartazes pouco ajuda a liberar a economia.
Além disso, a lógica tola teria de valer para outros ramos de comércio. Padarias informariam os preços do pãozinho na calçada. Videolocadoras atravancariam o passeio público com o valor do aluguel da fita. Uma piada.
Informar o preço de forma clara é obrigação. Agora, exigir placas desse ou daquele tamanho para tentar imitar os Estados Unidos por decreto é uma estupidez sem tamanho.
Numa economia de livre mercado, no "Brasil moderno" que preconiza FHC, esse tipo de obrigação soa a arcaísmo -que o presidente diz querer combater.
Para piorar, essa jogada de marketing só beneficia a classe média. Afinal, é a classe média que anda de carro e precisa pesquisar preço de gasolina no Brasil. Pobre anda de ônibus -e olhe lá. Rico não precisa pesquisar centavos para encher o tanque.
Muita gente no governo está por trás dessa idéia de imitação dos EUA por decreto. Inclusive um curioso membro da equipe econômica: Luiz Paulo Vellozo Lucas, secretário de Acompanhamento Econômico.
É o técnico que previu um aumento médio de 10% para a gasolina com a liberação de araque. Errou feio. Agora, nos dá a bobagem das placas.
Vellozo Lucas deve concorrer a prefeito em Vitória (ES). É um bom caso para a democracia resolver.

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