São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996 |
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Assembléia em Itaici
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA Há mais de 20 anos que a pequena cidade de Itaici abriga os bispos católicos para sua assembléia anual.São dez dias de encontro fraterno, oração, estudo e planejamento pastoral. O tema central, escolhido desde o ano passado, responde à convocação de João Paulo 2º, feita a toda a Igreja, para a preparação do ano 2000, à luz da fé em Jesus Cristo. A 10 de novembro de 1994, João Paulo 2º lançou a carta apostólica com o título "O Advento do Terceiro Milênio" (Tertio Millennio Adveniente), que promulga um grande jubileu para a igreja, na passagem do século, para o perdão das faltas, a remissão das dívidas e a generosidade em favor dos mais pobres. O jubileu abre perspectivas insuspeitadas para a vida da igreja. Trata-se, com efeito, de convocar a comunidade para intensificar sua fé, crescer na comunhão e no compromisso missionário. O programa abrange um triênio (1997-1999) de preparação catequética e pastoral, que deverá dinamizar a fé e a atuação das comunidades do mundo inteiro. Nesse período haverá sínodos de bispos dos cinco continentes, a fim de se conhecer melhor as necessidades e a elas responder. O jubileu, na intenção do papa, deverá ser um incentivo ao diálogo entre cristãos e com as outras religiões, sem esquecer dos que declaram não crer em Deus. Está, assim, previsto o Encontro Pan-cristão e também uma reunião histórica, em Jerusalém e no Sinai, entre judeus, muçulmanos e cristãos. No mesmo ano 2000 realizar-se-á em Roma o Congresso Eucarístico Internacional. A atual 34ª Assembléia da CNBB está, assim, elaborando o "Projeto de Evangelização para a Igreja no Brasil" (1996-1999), com o título "Rumo ao Novo Milênio", que há de fomentar a comunhão e ação conjuntas das dioceses nesse período, em sintonia com a proposta do papa João Paulo 2º. É a primeira vez que se dá, na história, uma preparação tão ampla a um jubileu. Na pauta, além dos assuntos pastorais (liturgia, catequese, matrimônio e outros) haverá uma análise da conjuntura sóciopolítica e eclesial, declaração sobre o grave tema do ensino religioso escolar, relatório sobre a questão indígena, mensagens sobre a paz social, incluindo o Dia do Trabalhador, e nota sobre a família e defesa da vida. O lamentável episódio do massacre verificado em Eldorado de Carajás, no Estado do Pará, com a notícia de cerca de 20 mortos, muitos feridos e desaparecidos entre os sem-terra, consternou os bispos e interrompeu a sessão de trabalhos. Foi distribuída à imprensa uma nota veemente, em repúdio à covarde chacina, denúncia do desrespeito aos trabalhadores sem-terra e apoio à imediata e eficaz reforma agrária, com o pedido de oração aos fiéis, pela paz e justiça social. A assembléia enviou como seu representante d. Luiz Demétrio Valentini, acompanhando d. José Vieira de Lima, bispo de Marabá, pastor daquela região, para levar às famílias a palavra de conforto. Na sexta-feira, os bispos dedicaram o dia inteiro à oração num ambiente de silêncio, rezando pelo povo brasileiro, em especial pelas vítimas da violência, celebrando a ressurreição de Cristo e assumindo, com novo ardor, o compromisso do ministério episcopal. D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna. Texto Anterior: O grande culpado Próximo Texto: Tocando no ponto nevrálgico Índice |
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